Ele aguentou A gasosa do polícia

Professor Ferrão

É apenas mais uma tentativa. Há muito tempo, há mais de vinte anos, salvo seja, que surgiu e se instalou ente os angolanos

Não se trata de uma realidade exclusiva aos angolanos. Não! Vários povos, em todo o mundo, cada um à sua maneira, também o experimentam. Nós (cá) tratamos-lhe ‘gasosa’. Está presente nas escolas, no trânsito, nos hospitais, nas repartições públicas, em quase toda a parte.

Parece que no trânsito, a gasosa pode ter os seus dias contados, tanto para os condutores, sobretudo os taxistas, como para os agentes reguladores. Os automobilistas que transgredirem devem ser multados e os polícias estão proibidos de a receber ou incitar, sob pena de serem expulsos.

Mas já ouvi, numa conversa de cuca, pincho e macaiabo, que isso “não vai dar certo”. “São os próprios agentes que nos pedem a gasosa mesmo quando estamos bem encartados”, diz um taxista.

“Só que agora, o chefe ficou mau. Por isso, é melhor começarmos a evitar as mbaias”, aconselha um outro que se gabava ter “aguentado o dinheiro” de um polícia com quem tinha negociado uma multa resultante de uma mbaia, uma manobra irregular e perigosa, na rua Friedrich Engels, na Mutamba.

“Você está a aguentar (=aldrabar) um polícia?”, pergunta o cobrador. “Arranjar problema com polícia é pior do que ter com Deus. É que Deus ainda te perdoa”, avisa. “Dá-lhe o dinheiro e mete-te no teu canto”, reforça.

Estejamos atentos. Os ‘aguentos’ (=aldrabices) vão acabar mais cedo ou mais tarde. Com uma corporação mais disciplinada e disposta a combater a gasosa, os taxistas e os condutores, de uma maneira geral, terão de evitar as ‘mbaias’ (= manobras perigosas, fintas), porque o que se pretende, na verdade, é acabar com as transgressões rodoviárias, reduzir o número de acidentes nas estradas e potenciar os agentes de uma postura condizente ao trabalho que lhes é atribuído.

Não sei quantos angolanos andam a ‘aguentar’ os outros, mas conheço muita gente que depois de muitas ‘mbaias’ no trânsito, e não só, pensa que se pode resolver tudo com uma ‘gasosa’. O Governo tem de pôr o pé e regular essa situação.