Esse é que é direitor

Professor Ferrão

Nem todos concordaram com a decisão do novo dirigente, porque nem tiveram as mesmas benesses.

Quem apresentasse uma conduta dubitativa, como excesso de faltas, mau relacionamento com os colegas, ausência de plano durante as aulas, falta de rigor científico e didactico-pedagógico no exercício da docência, era-lhe simplesmente retirada a possibilidade de ter uma vaga.

“Este ano, vaga é só para os professores exemplares”, adianta o gestor escolar, que nunca deixara mal os seus professores. Mas alguns abusavam da sorte, porque no final das contas, quem trabalhou e quem não trabalhou acabava por ter um lugar para inscrever alguém. “Esse sim é direitor”, elogia um professor de Física.

Mas os que davam ‘no duro’ revoltavam-se, pois pensavam que tinha de haver alguma diferenciação entre os que trabalham de facto e os que só vão passear. Parece-me justo.

“Não está certo que muitos colegas abusem da bondade das pessoas as fazerem ‘30 por uma linha’”, contesta o professor de Inglês. “Eles pensam que o chefe é ‘bombó deles”, acrescenta o Química.

No ano passado, segundo o professor de Física, no mandato da anterior administração, “tudo estava de ‘patas para o ar’. Agora está tudo direito”.

Eu acho óptimo que tudo agora esteja bem. Professores regulares cumprindo todos os seus deveres. Mas será por causa dessa nova gestão, que conseguiu colocar tudo direito, conforme à lei é que o professor disse “esse sim é direitor?”

Não parece correcto, porque, apesar da pronúncia que tende a assemelhar-se, ‘direito’ e ‘director’ são palavras diferentes. Está certo que o director em referência endireita a escola, mas ainda assim, o correcto continua a ser ‘director’, que se refere a quem dirige.

O professor de Física não precisa de se preocupar. O seu chefe não é um ‘grande direitor’. “Ele é sim um grande director.

Este ano ele será mais rigoroso. Espero que esta impressão (de bom director) continue.