Detidos quadros próximos do governador

PGR da Huíla ao ataque à corrupção

Já se admite que, nos próximos dias, possa haver mais detenções na província. O responsável do SIC já é apelidado de ‘Sérgio Moro huiliano’. Os principais alvos são altos dirigentes próximos de Marcelino Tyipinge.

PGR da Huíla ao ataque à corrupção
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Américo Chicote, preso preventivamente

A Procuradoria-Geral da República (PGR) na Huíla abriu uma verdadeira ‘guerra’, nas últimas semanas, contra a corrupção, branqueamento de capitais, burla e abuso de confiança, que culminou com a detenção de importantes ‘delfins’ do governador Marcelino Tyipinge.

Ao todo, estão até hoje presos oito altos dirigentes, três dos quais já condenados no âmbito do processo de roubo de combustíveis, entre os quais o director do Serviço de Investigação Criminal (SIC) e do adjunto, Amadeu Suana e Abel Wayaha, por soltarem detidos a troco de dinheiro.

A aguardar julgamento em prisão preventiva na comarca do Lubango estão o director provincial da Educação, Américo Chicote; o antigo delegado das Finanças, Sousa Dala; o ex-secretário-geral do governo provincial, António Ndasindondyo, e mais dois empresários, por envolvimento num suposto desvio de mais de dois mil milhões de kwanzas destinados ao pagamento de subsídios a mais de quatro mil professores, em dívidas acumuladas em 2003, 2004 e 2010.

O mérito da operação é atribuído ao procurador titular da República na Huíla, Hernâni Beira Grande, e do seu adjunto junto do SIC, Adão Nascimento, esse último já apelidado em alguns círculos de ‘Sérgio Moro huilano’, em que se faz uma comparação à ‘Lavajato’, no Brasil, que levou à cadeia importantes políticos daquele país.

O primeiro interrogatório, por acareação de três dos cinco arguidos do caso de desvio do dinheiro dos professores, nomeadamente Chicote, Dada e Ndasindondyo, na PGR junto do SIC, ficou marcado por fortes contradições, tentando cada um puxar a ‘brasa para a sua sardinha’ e diabolizar o outro, o que levou o procurador a mandar conduzi-los à cadeia, enquanto se instrui o processo-crime.

Em meios locais, analistas não dissociam o governador Tyipinge do caso, tendo em conta que os suspeitos são quadros da sua inteira confiança, o que o levou em Maio a convocar uma conferencia de imprensa para tentar concertar o problema.

Fonte da PGR indica que outros 33 processos, com suspeitas de burla e corrupção envolvendo governantes, estão a ser tratados, aguardando-se por mais detenções nos próximos dias, já que há fortes indícios de ter havido crimes.

À saída do Edifício B, onde está fixada a procuradoria junto do SIC, os arguidos foram transportados numa viatura dos Serviços Prisionais para a penitenciária do Lubango e quase foram linchados por populares que aguardavam enfurecidos na parte exterior.

O advogado de Chicote, José Carmona, mostrava-se inconformado com a posição do Ministério Público, afirmando que foi uma medida de coacção severa, o que o levou a requerer uma fiscalização jurisdicional ao Tribunal Provincial da Huíla para a reapreciação da medida.

Américo Chicote nega ter recebido três milhões de kwanzas a título de comissão na atribuição de contrato na compra de 23 laboratórios para escolas do II Ciclo.

O caso espoletou em Abril, por suposta envolvência no desvio de parte de mais de dois mil milhões de kwanzas disponibilizados pelo Ministério das Finanças em 2014, para o pagamento de subsídios de exame e de chefia no sector da Educação na região, quantia que alguns professores acusavam o governo de ter extraviado.

Já Sousa Dala, anterior delegado das finanças da Huíla, exerce a mesma função no Huambo. A mesma acusação pesa sobre António Nadsindondyo, antigo secretário-geral do governo, que terá facilitado os pagamentos.

 

 

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