Agora pergunto eu...

Esta semana o carnaval saiu à rua... O presidente brasileiro (também conhecido como Bozo por causa deste tipo de coisa) publicou a propósito um vídeo algo pornográfico na sua página online... Por sua vez, o presidente americano assinou um despacho que liberta a inteligência e a segurança de tornarem públicos os números de mortes civis aquando de um ataque aéreo que os EUA levem a cabo noutro país – bar aberto. Tornou-se ‘meme’  a tirada do presidente filipino sobre os padres católicos em que lhes ofende as mães e acusa a homossexualidade (a igreja católica é crítica da sua guerra contra a droga que já matou pelo menos cinco mil pessoas). Enquanto tudo isto, a Venezuela continua refém da luta entre o presidente eleito pelo povo nas urnas e o indicado pelas potências estrangeiras.

Por cá, o PR fez anos e foi mais um ano de alívio daqueles disparates a que assistíamos aquando do aniversário do teu antecessor.

Não se viram festas bajulescas, maratonas entorpecedoras, e fora a ocasional referência online, os telejornais não foram tomados pelo cortejo da febre da competição quem bajula mais e primeiro que se via no passado.

Eleger a bajulação como alvo de combate não foi senão uma jogada de mestre de xadrez do nosso PR. É hilário ver tanto baju inveterado, habituado a décadas de bajulação e a nem conceber outro modo de vida, a contorcer-se para encontrar formas de bajular sem parecer bajulador. A solução que muitos encontraram para bajular sem parecer bajulador é atirar pedras a José Eduardo dos Santos e sua prole, agora, a raiz de todos os males. Receita fácil. No entanto, escapam sempre os ‘coragem, meu presidente’ e afins porque é evidentemente penoso para muitos mudar hábitos tão inveterados e tentar contrariar o que já se tornou natureza do indivíduo.

Igualmente contranatura foi talvez a excessiva amistosidade de JLO para com o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa. Isto porque, vale lembrar, que da última vez que esteve em Luanda, (aliás, o único chefe de Estado ocidental com presença no dia em que JES passou a batuta a JLO), foi ligeiramente distratado por causa do ‘irritante’ nas relações entre os dois países. Distratado não pelo povo, que esse parece cada vez mais fã desse jeito de ser todo ele abraços, ‘selfies’ e beijinhos do PR português, mas por JLO, que, durante o discurso de posse, fez questão de apontar os amigos mais distantes e ignorar Portugal e o seu representante. É verdade que esse feitio efusivo, simpático e amistoso que é marca registada do ‘tio Celito’ conquista, e, sabemos todos, que a mesma contrasta bastante com a do nosso PR tão frequentemente com cara de poucos amigos, mas o contraste no trato foi tão grande quase como o contraste do tratamento agora ao ex-rei sol... De resto, e voltando à ‘cara de poucos amigos’, os problemas do país certamente justificam algum peso de feições.

Fome, malnutrição ou o que quer que se queira chamar ao estômago cronicamente vazio, os números, ainda que parcos, estão à vista de todos. Três em cada 10 angolanos passam fome, e quer me parecer que lhes faça pouca diferença o uso ou não de eufemismos para descrever a fome que sentem. Três mil e quinhentas crianças morreram de fome ou malnutrição no ano passado e para elas o uso de um conceito ou de outro não muda absolutamente nada no seu desfecho. Esperemos que o PR não perca a vontade de andar pelo país a ver com os seus próprios olhos e que não se habitue (como fez o ‘raiz de todos os males’) a confiar na realidade ‘cor de rosa esconde fome’ que quem o cerca vai tendo cada vez mais incentivo para pintar porque é preciso mostrar trabalho.

A propósito de trabalho, que cada vez mais vai faltando pelo país, não podia esta semana, deixar de pedir que nos deixem fazer o nosso. O NG que, como quase todas as empresas neste momento, atravessa um período de crise financeira, continua a ser vítima dos ataques de um número surpreendente de jornalistas e quase jornalistas e afins, que rejubilam em vista da mera possibilidade de fecho deste seu companheiro das quintas-feiras. Pergunto-me o que ganhariam com o fecho deste jornal... Aproveito para neste espaço agradecer e felicitar a resiliência, o espírito de missão e a tenacidade da grande maioria que perfaz a equipa desta casa, dos jovens que a tornam na força social positiva que é hoje e que no limite das suas possibilidades, querido leitor, vai continuar a informar com isenção, seriedade e respeito comprometido com os valores éticos e deontológicos que sempre nos nortearam. E agora pergunto eu, quem ganharia com o fim destes jornais? E que motivações tem para isso?

É verdade que é carnaval e que ninguém deve levar a mal, mas francamente é feio...