Ensino superior privado

Professores não recebem desde Março e relatam casos de depressão e fome

Docentes exigem subvenção e financiamento. E há quem equacione sair às ruas se a situação não for resolvida. Outros relatam histórias complicadas e regresso à casa dos pais. Universidades privadas começaram a suspender contratos.

Professores não recebem desde Março e relatam casos de depressão e fome
D.R

Várias instituições do ensino superior têm suspendido os contratos com os colaboradores, entre professores e funcionários não docentes, até que as aulas retomem. Segundo a Associação das Instituições do Ensino Superior Privadas de Angola (Aiespa), são oito mil e 883  professores que vão ficar sem trabalho e mais de 13 mil colaboradores. A instituição avisou da intenção, numa carta enviada ao Presidente da República e a vários ministérios. Aguarda por uma resposta até 9 de Agosto e o porta-voz, Laurindo Viagem, alerta para riscos de falência.

Entretanto, muitos professores revelaram ao VALOR que ainda não receberam as respectivas comunicações de suspensão dos contratos. É o caso, por exemplo, de Mauro José que insiste que a situação em que os professores do ensino privado vivem podia ser resolvida se “houvesse vontade política”. Olívio Kilumbo também não tem informações se a Universidade Óscar Ribas vai suspender os contratos com os professores efectivos. Acredita que os fundos de desemprego e o da segurança social, “se tivessem fôlego e saúde financeira”, seriam um bom ‘salva-vidas’. Mas critica a “má gestão” destes fundos e que, por causa da pressão, acredita que não suportariam.   Como alternativa, olha para os bancos que “poderiam ajudar as empresas que apresentam condições de devolver dinheiro emprestado”. 

DADOS “CALUNIOSOS”

Na semana passada, o Ministério da Administração Pública Trabalho e Segurança Social (MAPTSS) apresentou dados, dando conta que 90% dos professores do privado têm também rendimentos do Estado.

Célsio Tavares considera uma “calúnia pública” e coloca em dúvida a seriedade da fonte de informação do MAPTSS para avançar com esses dados. Ele próprio assume ser uma referência sem vínculos com o Estado, tal como muitos colegas que conhece.

As aulas em Angola foram suspensas desde que foi decretado o estado de emergência no final de Março.

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