João Lourenço, presidente MPLA

“MPLA está proibido de passar mensagens erradas sobre corrupção”

O presidente do MPLA, João Lourenço, destacou nesta terça-feira, os esforços dos últimos dois anos no combate à corrupção em Angola e sublinhou que o partido "está proibido de passar mensagens erradas" sobre este assunto.

“MPLA está proibido de passar mensagens erradas sobre corrupção”
D.R
João Lourenço, presidente do MPLA

No seu discurso de abertura da 2.ª reunião ordinária do Bureau Político do MPLA, o também chefe do executivo abordou a pandemia da covid-19 e a situação económica e política do país e deixou recados às vozes críticas da luta contra a corrupção, em especial no que toca aos processos judiciais contra Isabel dos Santos.

"Alguns consideram apenas bons resultados o maior ou menor número de pessoas arroladas, detidas ou condenadas ou que o Estado já devia ter recuperado todos os activos, o que a todos os títulos não é realista, uma vez que o dinheiro criou em alguns a ilusão e falsa sensação de impunidade, não fazendo voluntariamente a devolução dos activos que ao povo angolano pertencem", sublinhou João Lourenço.

O presidente do MPLA acrescentou que "ao Estado e à justiça angolana não resta outra escolha senão o de alcançar o mesmo objectivo pelos meios legais ao seu alcance incluindo a cooperação judiciária internacional".

O Presidente mencionou "as vozes que se levantam no sentido de que a luta contra a corrupção está a ser mal gerida e que a melhor saída seria organizar um debate no seio do MPLA para resolver o problema" dentro da formação política, mas realçou que este não é só um problema do MPLA.

"É um problema dos angolanos e da sociedade no seu todo, nenhuma força política pode se arrogar o direito de a monopolizar, sob pena de ser entendido como uma tentativa de branqueamento dos seus", disse o chefe de Estado.

João Lourenço indicou que o debate sobre as grandes questões nacionais é sempre bem-vindo desde que não se circunscreva a um único partido político e que "a luta contra a corrupção não leve o poder político a interferir contra a justiça, colocando em causa a independência dos tribunais".

"Depois dos ganhos obtidos pelo país em termos de reputação, o MPLA está proibido de passar mensagens erradas e desencorajadoras à sociedade, aos tribunais, aos investidores e à comunidade internacional", vincou.

No discurso, João Lourenço disse ter feito mais pelo combate à corrupção nos seus dois anos de mandato do que os seus antecessores nos 43 anos anteriores, salientando que esta luta saiu pela primeira vez do discurso político para o terreno.

“Em matéria de combate contra a corrupção fez-se em dois anos muito mais do que alguma vez se fez em 43 dos 45 anos da nossa independência”, disse o responsável máximo do partido, salientando também a conquista de uma maior abertura democrática da sociedade, maior liberdade de expressão e maior independência dos órgãos de justiça.

“Mesmo assim, com todo o árduo trabalho realizado, há quem por ingenuidade ou má-fé considere que um fenómeno enraizado ao longo dos anos na nossa sociedade em dois anos já devia estar definitivamente sanado e com resultados mais visíveis”, criticou, adiantando que o combate contra a corrupção saiu do mero discurso político para algo de concreto e visível aos olhos dos cidadãos.

Segundo o Presidente, “o Ministério Público e os tribunais passaram a lidar com um tipo de crime que, não sendo novo, simplesmente não chegava a eles como se ao longo dos anos não tivessem sido praticados ou cometidos”.

O Presidente focou ainda a luta contra a pandemia da covid-19, sublinhando que mesmo no actual contexto a prioridade continua a ser a economia nacional e a necessidade da sua diversificação, o aumento da produção local de bens e serviços, o aumento das exportações e o aumento do emprego.

Segundo o chefe do executivo, “muito tem sido feito para criar ambiente mais favorável ao investimento privado”, destacando medidas como o combate à impunidade e à corrupção acções que devem correr em paralelo ao desenvolvimento da economia.

No que diz respeito à covid-19, João Lourenço referiu que a doença colocou os países face a um duplo desafio, o da saúde pública e o da economia, qualquer delas “seriamente atingida”, frisando que nesta luta “o executivo não se sente sozinho na trincheira”, contando com o apoio da sociedade civil, organizações não-governamentais e empresas.

João Lourenço prometeu que o executivo vai continuar a investir na saúde e anunciou que pretende inaugurar novas unidades hospitalares este ano e no próximo.

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