Por causa da dívida do Estado

TURA em risco de fechar

‘Kilápi’ do Estado já dura há meses. A operadora já despediu mais de 100 trabalhadores e reduziu significativamente a frota diária. O responsável da empresa fala em “fome” entre colaboradores e na falta de assistência médica.

TURA em risco de fechar
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A empresa de Transporte Urbano Rodoviário de Angola (Tura) pode encerrar por causa da dívida que o Estado tem com a operadora, advinda do subsídio de transportes.

O director-geral da transportadora, José Augusto Junça, garante que o Estado sabe “perfeitamente” da situação de “falência técnica” da empresa por causa dessa dívida, mas “não ata nem desata”.

Sem adiantar qual é o montante total da dívida, alerta, no entanto, para os muitos empregos que estão em risco e famílias que vão ficar “sem sustento por uma situação que se podia resolver ou, ao menos, tentar negociar, ou pagar uma parcela, mas nem isso fazem”. “Já esgotei todas as minhas possibilidades junto das entidades superiores. Já não me preocupa mais. Tenho muita pena, mas é mais uma operadora que vai fechar”, lamentou, em declarações ao NG, o responsável da empresa. “Já fechou a SGO”, lembra, referindo-se à empresa de transportes do Grupo Olidom Santos, que tem a frota paralisada há um ano.

O preço do bilhete de autocarro é subvencionado pelo Governo. O preço real são 120 kwanzas, sendo 50 kwanzas desembolsados pelo passageiro e 70 pelo Estado, através do Ministério das Finanças.

A situação da Tura não é nova. A condição “deficitária” já levou a greves por parte dos trabalhadores que reclamavam meses de salários em atraso.  A administração sempre justificou as dificuldades com a falta de pagamento por parte do Estado, que sempre se foi verificando.

Em Janeiro, o jornal ‘VALOR’ noticiou que o Estado devia mais de dois mil milhões de kwanzas relacionados com o pagamento de subsídios dos bilhetes, acumulados ao longo dos meses.

Em entrevista, José Augusto Junça declarava que, além da sua transportadora, o Estado ainda tinha atrasos com outras transportadoras. A dívida tem provocado, segundo contava na altura, “fome dos trabalhadores” e que muitos “deixaram de receber assistência médica e medicamentosa”. “Os nossos trabalhadores e das outras empresas estão a passar mal. Têm fome. Recebo todos os dias pedidos de aumento dos salários. A minha resposta é sempre a mesma. Indeferido. Não posso fazer nada. Temos aguentado a indisposição dos trabalhadores. Não posso exigir que trabalhem sem comer”, afirmava.

A transportadora já teve de reduzir a frota de 150 autocarros diários a circular para 12 a 14 por dia. A instituição também teve de despedir cerca de 100 trabalhadores dos 500 que tinha. “Temos a frota reduzida porque não conseguimos comprar acessórios para a manutenção preventiva e correctiva”, justifica José Augusto Junça.

 

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