Na Bielorrússia

Tikhanovskaya pede na ONU firmeza face à repressão

A opositora bielorrussa Svetlana Tikhanovskaya pediu hoje à comunidade internacional "a maior firmeza" face à repressão das manifestações na Bielorrússia, numa mensagem vídeo difundida no Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Tikhanovskaya pede na ONU firmeza face à repressão

 

A candidata às presidenciais bielorrussas de 09 de Agosto, que se exilou na Lituânia depois de contestar a vitória reivindicada por Alexander Lukashenko, enviou a mensagem por ocasião de um debate de urgência sobre a Bielorrússia no Conselho de Direitos Humanos.

"A situação na Bielorrússia exige uma atenção internacional imediata. Manifestantes pacíficos são detidos ilegalmente, espancados e violados. Alguns deles foram encontrados mortos", afirmou Svetlana Tikhanovskaya.

A reeleição de Lukashenko, no poder desde 1994, com 80 por cento dos votos, segundo números oficiais, desencadeou um movimento de protesto sem precedente no país, movimento que enfrenta uma repressão policial denunciada como brutal pela oposição e organizações de defesa dos direitos humanos.

"A amplitude e a brutalidade da força considerável utilizada pelo violento regime violam claramente todas as normas internacionais e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, adoptada pelas Nações Unidas e pela Bielorrússia", frisou Tikhanovskaya.

A circunstância de a Bielorrússia ser subscritora da Declaração, defendeu, significa "que a comunidade internacional deve reagir com a maior firmeza quando essa obrigação não é respeitada".

A União Europeia (UE), que pediu o debate de urgência, apelou esta semana para "uma investigação aprofundada" das alegações de abusos contra manifestantes em locais de detenção e a organização não-governamental Human Rights Watch, pediu ao Conselho de Direitos Humanos para fazer uma investigação "o mais rapidamente possível".

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, a chilena Michelle Bachelet, também pediu uma investigação, citando "relatos alarmantes de repressão violenta e contínua de manifestantes pacíficos".

No final do debate no Conselho de Direitos Humanos, os 47 membros deverão pronunciar-se sobre um projecto de resolução apresentado pela UE que exige a Minsk "permitir investigações independentes, transparentes e imparciais de todas as alegações de violações dos direitos humanos" e garantir que os seus autores são julgados.

O texto apela também às autoridades bielorrussas para iniciarem "um diálogo" com a oposição, a cessarem o uso excessivo da força contra manifestantes e a libertarem todos os prisioneiros políticos, jornalistas, defensores dos direitos humanos, estudantes e outros detidos no contexto das eleições presidenciais.

Pede ainda ao Governo bielorrusso que colabore com o Relator Especial da ONU para Bielorrússia, o que não faz desde 2012, e o autorize a visitar o país.

O projecto pede ainda a Michelle Bachelet que "acompanhe de perto" a crise e que apresente um relatório no princípio de 2021.

A discussão em Genebra deverá prolongar-se, uma vez que a Rússia, principal aliado de Lukashenko, apresentou numerosas emendas.

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