Jovens tentaram manifestar-se contra desemprego

Polícia dispersa à força activistas

A polícia carregou, esta terça-feira, sobre um grupo de manifestantes, que foram dispersados quando tentaram chegar à Assembleia Nacional, onde o Presidente João Lourenço discursava sobre o Estado da nação, na abertura do novo ano legislativo.

Polícia dispersa à força activistas
D.R

Os manifestantes exibiam cartazes em que se podia ler “A voz do povo é a voz de Deus, exigimos os nossos 500 mil empregos”.

Os cerca de 20 activistas, entre os quais membros do Movimento Revolucionário, concentraram-se na manhã desta terça-feira na zona do Zamba II, em Luanda, a cerca de cem metros da Assembleia Nacional, onde foi montado o cordão de segurança da polícia.

Com cartazes em que se podia ler “A voz do povo é a voz de Deus, exigimos os nossos 500 mil empregos” e vestidos com 't-shirts' em que estava escrito “Movimento Revolucionário”, “PR João Lourenço mentiu ao povo”, “a revolta está preparada”, “nos veremos em 2022”, o grupo manteve-se inicialmente concentrado junto à berma da estrada.

A polícia pediu que saíssem do local e, na sequência de trocas de palavras entre as duas partes, as autoridades em número superior aos manifestantes, dispersaram os activistas com recurso à força, tendo alguns sido levados em viaturas policiais. A Lusa contactou a polícia para comentar o incidente, mas a direcção nacional remeteu uma resposta para mais tarde.

Num comunicado emitido segunda-feira, a Polícia Nacional avisou “os promotores da manifestação e os cidadãos em geral para se absterem de tais práticas”, assegurando que iria empregar “toda a legitimidade para garantir a não perturbação da ordem” e “responsabilizar criminalmente os infractores”.

Segundo o comunicado, assinado pelo comissário Orlando Bernardo, a lei determina que as manifestações devem ser comunicadas previamente às autoridades e que tem de ser cumprida a distância recomendada dos órgãos de soberania (100 metros). Relembrava ainda que os cortejos e desfiles só podem realizar-se após às 19 horas nos dias úteis.

Em declarações à Lusa, Geraldo Dala, um dos organizadores do protesto, considerou que as regras devem ser alteradas. “A lei só é lei quando é justa. Não conseguimos perceber porque é que num país democrático temos de fazer manifestações de noite. Isto tem de ser alterado”, sublinhou. Segundo Geraldo Dala, os manifestantes pertencem a várias organizações que integram o movimento nacional de luta contra o desemprego, que realizou uma outra manifestação em Luanda a 24 de Agosto.

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