Um ano de Presidência marcado por mexidas em quase todo o lado

Nomeia, exonera, nomeia, exonera

O NG faz uma resenha das dezenas de mexidas nos 15 meses de governação de João Lourenço, atingindo apenas as suas escolhas pessoais. Na azáfama de entra-sai, não escaparam ministros, secretários de Estado, governadores e conselhos de administrações de empresas públicas.

Nomeia, exonera, nomeia, exonera
Mário Mujetes

A pós a posse como terceiro Presidente da República de Angola, a 26 de Setembro,  de 2017, João Lourenço viria a constituir um governo com 32 ministérios, menos três do que o governo anterior, nove dos quais haviam transitado, e ainda 56 secretários de Estado.

Ao longo dos primeiros 15 meses de governação, João Lourenço já dispensou dois ministros, cinco secretários de Estado e seis governadores provinciais, estes por força da reestruturação do Bureau Político (BP) do MPLA. Todos os que ele próprio nomeou.

As exonerações começaram com António Rodrigues Afonso Paulo, nomeado para ministro da Administração Pública Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), por não ter comparecido na posse, tendo sido substituído por Jesus Faria Maiato.

Em menos de um mês, João Lourenço nomeia Ricardo Viegas d’ Abreu para secretário para os Assuntos Económicos do Presidente da República, em substituição de Carlos Aires da Fonseca Panzo, acusado de branqueamento de capitais pelas autoridades da Suíça e cujo processo continua por esclarecer na Procuradoria-Geral da República (PGR), que aguarda pelas cartas rogatórias. Mais tarde, Ricardo d'Abreu iria para ministro dos Transportes, substituindo Augusto da Silva Tomás.

O chefe de Estado nomeou recentemente Manuel Marques de Almeida Pimentel para secretário de Estado do Ordenamento do Território, em substituição de Ângela Mingas, nomeada a 13 de Outubro de 2017.

João Lourenço nomeou ainda António Cruz Lima, para secretário de Estado para os Sectores da Aviação Civil, Marítimo e Portuário e Guido Cristóvão, para secretário, de Estado para os Transportes Terrestres e Fluviais.

Na véspera de completar um ano de governação, João Lourenço nomeou Leonardo Inocêncio para secretário de Estado do Ministério da Saúde para a Área Hospitalar, em substituição de Valentim Matias, que havia sido nomeado a 13 de Outubro de 2017.

A 22 de Outubro, Pacheco Francisco é nomeado secretário de Estado para o Ensino Pré-escolar e Geral, em substituição de Joaquim Alfredo Cabral, que havia sido nomeado a 13 de Outubro de 2017. Pacheco Francisco já tinha sido director Nacional do Ensino Geral.

Maria da Piedade de Jesus foi chamada para a secretaria de Estado para a Cultura, deixando assim o Instituto Nacional e do Património Cultural em substituição de Cornélio Caley, que passou a vice-governador do Huambo.

 

Primeiro ministro preso na história

Em Setembro, Augusto da Silva Tomás era exonerado  do cargo de ministro dos Transportes. João Lourenço não gostou da parceria público-privada que o governante estava a patrocinar, para a constituição da companhia aérea denominada AirConnetion, que viria a ser considerada “fictícia” pelo Presidente da República. Dias depois, seria detido preventivamente e colocado no Hospital Prisional São Paulo, em Luanda, por suposto envolvimento no desvio de fundos do Conselho Nacional de Carregadores (CNC).

 

GOVERNADORES

Com a reformulação do secretariado do Bureau Político do MPLA, João Lourenço, já na qualidade de presidente do partido, viu-se forçado a 'mexer' em 10 principais nomes do ‘núcleo duro’.  Álvaro da Boavida Neto passou a secretário-geral, deixando o governo provincial do Bié, e substituído por Pereira Alfredo.

Virgílio Adriano Tyova substituiu KundiPaihama, no Cunene, um histórico general que já foi ministro da Defesa.

Na mesma senda, Daniel Félix Neto substituiu Ernesto Fernando Kiteculo, exonerado de governador da Lunda-Sul, enquanto Joana Lina deixou de ser a primeira vice-presidente da Assembleia Nacional para tomar o lugar, no Huambo, deixado por João Baptista Kussumua, no comando da província.

A polémica sobre um possível desvio de fundos da educação no Lubango levou a que João Lourenço procedesse à nomeação de Luís Manuel Nunes para governador da Huíla, em substituição de João Marcelino Tyipinge, que estava no cargo desde 2012.

O Zaire passou para 'as mãos' de Pedro Makita Júlia, em substituição de José Joanes André, que retomou o lugar no parlamento, como deputado eleito pelo círculo provincial, enquanto José Cornélio Caley foi para vice-governador do Huambo para o sector político, social e económico.

 

Comunicação Social

Depois de terem sido nomeados novos presidentes dos conselhos das administrações das empresas públicas de comunicação social, houve nova reestruturação na Televisão Pública de Angola (TPA), nas Edições Novembro e na Agência Angola Press (ANGOP).

Na TPA, nomeou Rui Carlos Ramos, para administrador executivo para a Área Administrativa e Financeira, José Graça Mendes e Mariana Costa que substituíram BidimaMateya Jorge, Leonel Martins e António Baptista.

Nas Edições Novembro, passaram a integrar o novo conselho de administração Rui Upalavela, Luena Guinapo, administradores executivos, e Mateus dos Santos Júnior e Filomeno Jorge Manaças, administradores não executivos.

Deixaram os cargos Carlos Molares D’Abril, Catarina Vieira Dias da Cunha e Olímpio de Sousa e Silva.

Na ANGOP, integram o novo conselho de administração João Simão, como administrador executivo para a Área Técnica, Emanuel Daniel Catumbela, administrador executivo para a Área de Multimédia, LeonaGraneira e Gaspar Francisco, administradores não executivos. Deixaram os cargos Manuel Luzito André, Lourenço Mutepa, Anastácio de Brito e Júlia Mingas.

Ainda no quadro das reformas, Adão de Almeida passou de secretário de Estado do anterior Ministério da Administração do Território (MAT) para ministro do Território e Reforma do Estado (MATRE).

Destacam-se ainda as reestruturações feitas nos conselhos de administração da TAAG, ENANA, nos Caminhos-de-Ferro de Luanda, de Benguela e Moçâmedes, além dos Conselhos de Administração da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE), da Empresa Pública de Água de Luanda (EPAL) e dos portos de Luanda, Lobito e Namibe.

 

Queda de ‘Panda’

Oito meses depois, o Presidente da República nomeava o comissário chefe Paulo Gaspar de Almeida para Comandante-geral da Polícia Nacional, em substituição do Comissário-Chefe Alfredo Mingas ‘Panda’, que deixou o cargo a seu pedido, depois de se ter envolvido num acidente que causou duas vítimas mortais na via expressa.

 

Outros artigos do autor