Para equilibrar direitos humanos e interesses económicos

Merkel com encontros importantes na China

Angela Merkel, inicia esta sexta-feira uma visita de Estado à China, onde enfrenta o desafio de equilibrar preocupações sobre direitos humanos e interesses económicos, com um dos maiores parceiros comerciais da Alemanha. A chanceler alemã, reúne-se primeiro com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e na noite desta sexta-feira irá jantar com o presidente Xi Jinping.

Merkel com encontros importantes na China
D.R.

Numa carta aberta publicada esta semana, os líderes dos protestos em Hong Kong apelam a Angela Merkel para que exerça pressão junto de Pequim.

A China foi no ano passado o maior parceiro comercial da Alemanha, com o comércio a ascender a 199 mil milhões de euros. O investimento alemão na China aumentou de 30 mil milhões de euros, em 2010, para 81 mil milhões, em 2017. A acompanhar Merkel, estão os líderes da indústria automóvel alemã, executivos das indústrias de semicondutores, logística, serviços financeiros ou energia.

O relacionamento é vital para a maior economia europeia, sobretudo quando é provável que Berlim enfrente uma recessão técnica este trimestre. A Alemanha é uma das poucas economias da União Europeia que mantém um superavit comercial nas trocas com a China, devido ao fornecimento de equipamentos e componentes para as fábricas chinesas. Berlim tem subido o tom nas reclamações sobre o restrito acesso ao mercado chinês e a política de Pequim para o sector tecnológico.

A China tentou, sem sucesso, recrutar a Alemanha como aliada, na guerra comercial que trava com o presidente norte-americano, Donald Trump. Embora o governo de Merkel tenha ecoado as reclamações dos EUA, sobre transferência forçada de tecnologia e a atribuição de subsídios por Pequim às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa, opõe-se táticas de Trump.

Nos últimos anos, as empresas alemãs têm expressado descontentamento por serem impedidas de adquirir activos chineses, numa altura em que empresas chinesas compram activos por todo o mundo, incluindo na Europa.

Os laços económicos tornam também difícil que Merkel alinhe com a diplomacia norte-americana e activistas que a instaram a levantar questões sobre direitos humanos, incluindo o tratamento da China à minoria étnica de origem muçulmana uigure ou os três meses de manifestações pró-democracia em Hong Kong.

O embaixador norte-americano na Alemanha, Richard Grenell, disse na quinta-feira que o “desrespeito intencional da China pelos seus compromissos” com Hong Kong e as violações dos direitos humanos dos uigures, mostram que o Partido Comunista “opõe-se aos valores que a Alemanha aprecia”.

“Esperamos que a chanceler Merkel assuma uma posição firme em relação aos valores que unificaram a Alemanha após a queda do comunismo: direitos humanos, democracia e um Estado de Direito“, afirmou.

Numa carta aberta publicada esta semana, os líderes dos protestos em Hong Kong apelam a Angela Merkel para que exerça pressão junto de Pequim.

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