Unidades foram reabertas na última semana

Matadouros do Mercado do 30 exigem luz e água do Governo

Gestores dos estabelecimentos apelam ao Governo a reconhecer os “próprios erros”. E explicam que recurso a fontes alternativas onera a actividade e impede melhorias nos espaços.

Matadouros do Mercado do 30 exigem luz e água do Governo
D.R

Os proprietários dos estabelecimentos de abate de animal bovino no Mercado do 30, reabertos na semana passada, em Luanda, apelam às autoridades para que sejam criadas condições de fornecimento de água e energia da rede pública.

Os matadouros tinham sido fechados em Fevereiro deste ano por falta de condições higiénicas e sanitárias. A decisão de reabertura é justificada agora pelo Ministério do Comércio com o facto de os gestores dos espaços terem cumprido com as recomendações de “benfeitorias nos prazos estipulados”.

Boa parte dos matadouros encerrados não possuía casas de banho, água corrente, energia eléctrica, bem como material de biossegurança. E, apesar da confiança agora manifestada aos operadores, o Ministério adverte que as inspecções vão continuar, antecipando que os incumpridores das “normas básicas aceitáveis serão novamente sancionados”.

Ao VALOR, os gestores dos estabelecimentos queixam-se, no entanto, da falta de água e de energia eléctrica da rede pública e apelam ao Governo a reconhecer os “próprios erros”, ao invés de se fazer “passar por ignorante”, face à realidade.

Segundo os responsáveis, a busca da água e energia a agentes privados, associado aos custos com pessoal e impostos, “asfixia a caixa” dos estabelecimentos, que se tornam “incapazes de realizar” obras de apetrechamento.

Por exemplo, Eurico Chipupa, gestor do matadouro Etu-Lene Comercial, garante que o seu estabelecimento consome 100 mil litros de água por semana, resultando em gastos de 140 mil kwanzas, dado que compra cada 20 mil litros a 28 mil kwanzas. “Apesar das dificuldades, estamos expectantes de que dias melhores virão. Do Governo, por ora não pedimos ajuda para créditos, mas apelamos que nos apoie em relação à água e à energia. Além disso, esperamos que o Executivo passe a abordar connosco, ouvindo as nossas preocupações, ao invés de, no imediato, partir para o encerramento dos estabelecimentos”, sublinha Eurico Chipupa.

Para o cumprimento das recomendações deixadas há duas semanas pelas equipas de inspecções da Saúde e do Comércio, o gestor diz ter recorrido a empréstimos, sendo que investiu dois milhões de kwanzas com a implementação de lâmpadas ultravioleta para combater as moscas no local, além da aplicação de um sistema de ventilação, pinturas, pavimentação, bem como a reparação do telhado.

As queixas apresentadas por Eurico Chipupa são as mesmas que apoquentam outros gestores de matadouros do Mercado do 30. Carlos Alberto, por exemplo, responsável do matadouro do Grupo Álvaro Jamba, sublinha ter gastos superiores aos do Etu-Lene Comercial, por ter um estabelecimento maior, além de, por preferência, adquirir a água numa fonte cujo preço ronda entre os 29 mil e 30 mil kwanzas.

À semelhança de outros, no âmbito das recomendações, Carlos Alberto pavimentou o local, criou um sistema de ventilação, além de outros apetrechos, investindo acima de 1,2 milhões de kwanzas.

De acordo com os operadores, o modo “correcto para o abate” do animal é das regras “mais difíceis” de se cumprir, apesar de menos onerosa. O processo de abate exige que o animal seja pendurado sobre guinchos, mas os gestores alegam que as dimensões de muitos estabelecimentos não permitem a colocação de muitos guinchos, sendo que, na maioria das vezes, há mais animais por abater do que os guinchos existentes.

Para o abate do animal, os matadouros criaram um cartel fixando o preço a 10 mil kwanzas, sendo que, antes do encerramento, os preços variavam entre os cinco mil e 5.500 kwanzas, de acordo com a especificidade de cada estabelecimento.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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