Casa Rede, em Luanda, dedica-se à produção artística

Jovens querem tornar casa de cultura uma referência

Recentemente Luanda ganhou mais um espaço para manifestações culturais e artísticas. Trata-se da Casa Rede, localizada no 6.º andar de um dos prédios da Avenida Brasil na cidade. A iniciativa é de cinco jovens ligados as artes. O objectivo é tornar o espaço num ponto de referência de produção artística, bem como ensinar arte.

Jovens querem tornar casa de cultura uma referência
Manuel Tomás
responsáveis da Casa Rede

Num futuro próximo, a Casa prevê oferecer produtos para projectos como a assessoria de imprensa, produção e gestão.

Situada na Avenida Hoji Ya Henda, no terraço de um dos prédios da Avenida Brasil, em Luanda, com uma vista privilegiada da cidade, encontra-se a Casa Rede inaugurada a 6 de Abril deste ano, por iniciativa de cinco jovens artistas e produtores culturais.

Trata-se de Ana Paula Lisboa, escritora, Aneth Silva, bailarina e coreógrafa, Elisângela Rita, escritora e poetiza, Bona Ska, músico e poeta, e Luana Bartholomeu, produtora cultural e também escritora. Os cinco partilham um desejo: potencializar as suas próprias ideias.

Uma sala e três quartos compõem parte do apartamento utilizado pelos jovens exprimirem as suas emoções, demonstrarem talentos e ainda acolher o público que por lá passa. O espaço conta ainda com um vasto terraço. Este tem sido o principal palco para concertos musicais, debates, ‘workshops’, oficinas regulares e um bar com comidas, inclusive para vegans.

Ana Paula Lisboa, de 31 anos, é brasileira e vive em Luanda há dois anos. Escritora, imigrou para Angola com a intenção de enfrentar novos desafios e fazer novas descobertas. A jovem diz que o desejo dos responsáveis é que a Casa Rede seja um “trampolim, uma engrenagem” que impulsione outros projectos culturais, um local de formação artística bem como um espaço para trocas de experiências.

Num futuro próximo, a Casa Rede prevê oferecer produtos directamente para projectos como a assessoria de imprensa, comunicação, produção e gestão. Para quem quiser utilizar a casa para trabalhar, reuniões de trabalho ou simplesmente descansar, pode usar o espaço.

Aneth Silva, de 26 anos, bailarina de profissão, é outra responsável pelo espaço. A jovem vê na Casa Rede um espaço "diferente das outras casas de cultura", porque "todos os membros ligados ao projecto são artistas e consequentemente acabam por entender melhor o processo de produção artística, ao contrário dos outros espaços em que os donos entregam a gestão a outras pessoas". “Estamos conectados com quem quiser trazer propostas é o ideal para quem é artista. Estamos a tentar criar essa rede e, por isso, pretendemos estar juntos dessa produção que vem de fora e de certa forma, acabamos por trabalhar com mais amor”, confia a artista e acrescenta que outro diferencial vai ser levar ao público “eventos que não existam”, por exemplo, que não “sejam o padrão”.

Sem apoio de qualquer instituição, os jovens ergueram o espaço com o apoio de familiares e com algumas parcerias.

Os jovens esperam que este novo espaço de manifestação e produção cultural ainda tenha “muito” para crescer sendo que acreditam que ainda “não está nem na metade" daquilo que visualizaram quando pensaram no conceito Casa Rede.

Projecta-se que a casa se torne num ponto de referência em questões de produção cultural, pelo menos em Luanda. Formação em produção cultural, violão, dança e outras são os próximos objectivos a serem alcançados pelos responsáveis. 

Uma rede com agenda 'apertada'

A Casa 'ganhou' o apelido Rede porque a intenção foi o de criar uma complicação de artistas que possam realmente estar e criar juntos, num espaço em que se sintam à vontade para simplesmente ser o que são, "sem preconceitos e sem padrões".

Com apenas um mês de vida, a Casa Rede já tem uma agenda ‘apertada’ sendo que para hoje, quinta-feira, 16, está previsto o ‘Manda Bocas’ com o músico Ndaka Yo Wini (entrevista com o artista sobre temas diversos), a partir das 19 horas.

 17 de Maio - Festíris -Festival Cultural LGBTIQ com mostra de filmes, feira e debates, das 14 às 20horas.

 18 de Maio – 2.º MWIMBU, Jam Session. Evento musical com Toty Sa’med, Dennis Samaya, Lvincy, Mamy, Luzingo, Luís Rita e Kássio, às 19 horas.

21 de Maio - Roda de conversa sobre diversidade cultural, às 19horas.

 23 de Maio - Debate sobre sexualidade sagrada com Sara Lopes e Marco Patrice Victor.

 25 de Maio - Na Casa com Kássio - Show intimista às 19horas.

 29 de Maio - Recital de Poesia

 31 de Maio - Show oficial do rapper Luzingo.

 1 de Junho- Zwela - Show de ‘spoken word’, debate e música.

 8 de Maio - Show musical Áurea Cadete, originais e covers.

As entradas para estes todos eventos são gratuitas.

 

 

 

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