Empate entre o Desportivo da Huíla e 1.º de Agosto debaixo de fogo

Federação Angolana de Futebol abre inquérito

O empate a três golos entre o Desportivo da Huíla e o 1.º d’Agosto não caiu bem aos amantes de futebol e continua a criar um grande alvoroço. O Conselho Desportivo da FAF abriu um inquérito. As direcções do Desportivo da Huíla e do 1.º d’Agosto negam qualquer combinação de resultados, enquanto os comentadores desportivos divergem.

Federação Angolana de Futebol abre inquérito
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O inquérito surge na sequência do jogo da 17.ª jornada.

A Federação Angolana de Futebol (FAF), através do Conselho de Disciplina (CD), abriu um inquérito ao que se passou no jogo entre o Desportivo da Huíla e o 1.º d’Agosto, que acabou num empate a três bolas, depois de a equipa huiliana estar a vencer por 3-1.

A FAF aguarda que sejam enviadas pela Zap, a televisão por satélite detentora dos direitos das transmissões dos jogos, as imagens brutas (não editadas) do jogo. Se não se sentir satisfeita, o CD vai ouvir técnicos e dirigentes dos dois clubes e mais alguns intervenientes do jogo em causa. O CD assegura igualmente que estão a ser analisados os relatórios do árbitro e do comissário e, tão logo que termine o inquérito, estarão em condições em divulgar os resultados.

Em declarações ao NG, o presidente da FAF, Artur de Almeida e Silva, garante que não recebeu qualquer denúncia referente a esse jogo e assegura que os órgãos da federação estão a tratar do assunto.

O inquérito surge na sequência do jogo da 17.ª jornada. A partida terminou num empate a três golos e, segundo alguns analistas e adeptos, foi um “resultado combinado pela forma como a equipa de Luanda marcou os golos que deram o empate, quando a equipa caseira, aos 77 minutos da segunda parte, já vencia por 3-1. O Desportivo da Huíla, tido como equipa satélite do 1.º de Agosto, deixou os militares do ‘rio seco’ a jogar sem pressão e, quando faltavam oito minutos para o final do jogo, surgem os golos aos 82 e 88 minutos, por Vanilson e Bobó.

Ezequias Domingos, director do Desportivo da Huíla, garante “não ter nada a esconder” e mostra-se disponível para responder a qualquer inquérito da federação, negando a combinação de resultados. “As pessoas criam sempre polémica quando as duas equipas se defrontam”, afirma aquele dirigente. Internamente, o clube também está a averiguar se se passou algo com os atletas. Ezequias Domingos aconselha quem crítica a “possuir provas materiais e nunca por especulação”. 

BREVE HISTORIAL

Nos últimos quatro anos, as polémicas à volta dos jogos entre as duas equipas têm aumentado. Em 2015, na primeira-volta, no jogo entre o 1.° d’Agosto e Desportivo da Huíla, Gelson Dala, actualmente a actuar no futebol português, tinha caminho aberto, porque os defesas ‘fugiam’ dele.

Na segunda-volta, o episódio repetiu-se, que resultou numa goleada por 5-0. Neste jogo, quem foi o privilegiado a marcar por duas vezes sem oposição, foi Gogoró, actualmente a jogar no ASA a título de empréstimo. Em 2016, no estádio 11 de Novembro, foi a mesma ‘novela’ aconteceu. O jogo decorreu num ritmo amigável e de troca de sorrisos entre os dirigentes e atletas, mas o melhor estava por vir. O 1.º de Agosto acabou por vencer por 2-1 num jogo muito polémico e contestado pelos admiradores do bom futebol.

TREINADORES ZANGADOS

A brincadeira no campo, culminada com um empate, foi tanta que até o técnico bósnio do 1.º de Agosto, Dragan Jovic, anunciou que iria reunir-se com a direcção do clube e meteria o seu lugar à disposição por não se sentir satisfeito com o que aconteceu no balneário. Já Mário Soares, treinador do Desportivo da Huíla, estranhou a moleza da equipa e o desrespeito pelos adeptos que se deslocaram ao estádio do Ferroviário e pediu à direcção para abrir um inquérito para saber o que se tinha passado com os seus jogadores.

O comentador desportivo e antigo árbitro internacional Dionísio de Almeida considera ser “uma brincadeira e uma falta de respeito para com os amantes da modalidade”, o jogo do passado fim-de-semana. Dionísio de Almeida está convencido de que os jogadores receberam orientações através de emissários internos e quando os dois treinadores se aperceberem “zangaram-se e abriram o livro”. Segundo Dionísio de Almeida, as duas direcções “estão a fazer tudo para reverter a imagem ruim que passaram ao público”, mas entende que é “tarde”, uma vez que o jogo foi transmito pela televisão.

Pelos casos repetidos, aconselha a FAF a fazer um combate à combinação de resultados.

Agostinho António, presidente da Associação Provincial de Futebol do Uíge, alerta para que, se existiu uma combinação do resultado, as leis da Confederação Africana de Futebol (CAF) e da FIFA são claras e os clubes podem ser multados ou banidos da modalidade. Já João Gonçalves, presidente da Associação de Futebol da Huíla, acusa os críticos de se estar a “fazer uma polémica à toa”, discordando da ideia de que o Desportivo seja um clube satélite do 1.º de Agosto por ter o mesmo patrocinador: as Forças Armadas Angolanas.

João Gonçalves lembra que, no CAN de 2010, o Mali conseguiu empatar diante de Angola a quatro golos, em pleno estádio ‘11 de Novembro’, quando a selecção nacional esteve a ganhar por 4-0. O dirigente associativo questiona-se se houve também uma combinação de resultado.

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