Manifestações

Deputados da UNITA abandonam Kafunfo lamentando "ditadura"

Um grupo de deputados da UNITA, já abandonou a entrada da vila de Kafunfo, palco de incidentes com mortes e feridos, afirmando que "apesar do impedimento e ditadura das autoridades" o seu trabalho foi realizado.

Deputados da UNITA abandonam Kafunfo lamentando "ditadura"
D.R

O deputado da UNITA, maior partido na oposição, Alberto Ngalanela disse hoje à rádio Essencial que os parlamentares e activistas deixaram o local na noite de domingo, estando agora a trabalhar na vila do Kuango.

"Já abandonámos à entrada vila de Kafunfo depois de quatro dias de detenção e de trabalho, estivemos os quatro dias no mesmo local, mas estivemos em movimento, então terminada esta parte, fomos até à vila do Kuango onde continuamos a trabalhar", afirmou hoje o parlamentar.

Os deputados Alberto Ngalanela, Domingos Oliveira, Rebeca Muaca, Joaquim Nafoia e Sediangani Mbimbi acompanhados de mais dois activistas, seus motoristas e escoltas integram a delegação que foi impedida pela polícia de entrar na vila mineira de Kafunfo.

Há uma semana, naquela localidade, afeta à província da Lunda Norte, leste angolano, foi palco de incidentes entre manifestantes e a polícia nacional.

Segundo a polícia, cerca de 300 pessoas ligadas ao Movimento do Protetorado Português Lunda-Tchokwe (MPPLT), que há anos defende autonomia daquela região rica em recursos minerais, tentaram invadir, no sábado 30 de Janeiro, uma esquadra policial e em defesa as foras de ordem e segurança atingiram mortalmente seis pessoas.

A versão policial é contrariada pelos dirigentes do MPPLT, partidos políticos na oposição e sociedade civil local que falam em mais de uma dezena de mortes.

Quatro dias depois de estarem retidos a cinco quilómetros daquela vila, os deputados da UNITA, explicou Alberto Ngalanela, decidiram, na noite deste domingo, fazer um "recuo estratégico" para se reposicionarem na vila do Cuango para conseguir outros dados sobre os incidentes de Kafunfo.

"Não é possível impedir esse grupo com tanta experiência, felizmente estamos no Kuango e aí não conseguem impedir os nossos movimentos e do Kuango para Kafunfo há um trânsito fluido e estamos a regressar com o sentimento de dever cumprido", assegurou.

Para o líder da delegação parlamentar da UNITA, que não entrou em detalhes sobre os dados recolhidos no local, cuja "maior parte já foi enviada para Luanda", os obstáculos "impostos pelas autoridades" locais "confirmam o carácter ditatorial do MPLA".

E "também ficou confirmado a subalternização de um órgão de soberania em relação ao outro e ficou confirmado que o chamado novo paradigma é uma falsidade, um embuste e uma miragem".

O Movimento Protetorado da Lunda Tchokwe luta pela autonomia da região das Lundas, no Leste-Norte de Angola.

A autonomia da região das Lundas (Lunda-Norte e Lunda-Sul, no Leste, rica em diamantes, é reivindicada por este movimento que se baseia num Acordo de Protetorado celebrado entre nativos Lunda-Tchokwe e Portugal nos anos 1885 e 1894, que daria ao território um estatuto internacionalmente reconhecido.

Portugal teria ignorado a condição do reino quando negociou a independência de Angola entre 1974/1975 apenas com os movimentos de libertação, segundo o movimento.

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