Papua Nova Guiné

Várias crianças e mulheres grávidas mortas em massacre tribal

Pelo menos, 24 pessoas foram assassinadas nos últimos dias na Papua Nova Guiné em massacres motivados por conflitos tribais, noticia a AFP. O episódio mais mortífero foi um massacre na segunda-feira no qual morreram pelo menos 15 crianças e mulheres, duas delas grávidas, de acordo com o ‘The Guardian’.

Várias crianças e mulheres grávidas mortas em massacre tribal
D.R.

James Marape Primeiro-ministro da Papua Nova Guiné

Como é que uma província com 400 mil habitantes pode funcionar com apenas 60 agentes da polícia nas autoridades, com operacionais militares ocasionais e uma polícia que não faz mais do que manutenção de pensos rápidos?

Os ataques resultam de um escalar da violência tribal naquela região daquela país da Oceânia, que nos últimos anos tem sido palco de lutas sangrentas entre tribos, assassinatos e violência sexual — e o acesso cada vez mais facilitado às armas de fogo só veio piorar o cenário.

O massacre de segunda-feira ocorreu nas aldeias de Munima e Karida, na província de Hela, precisamente a região pela qual foi eleito o actual primeiro-ministro da Papua Nova Guiné, James Marape. O governante, que assumiu a liderança do país em Maio deste ano, já confirmou o ataque, apontou culpados e disse que este foi “um dos dias mais tristes” da sua vida.

Numa publicação no Facebook, James Marape escreveu que “muitas crianças e mães inocentes foram mortas nas aldeias de Munima e Karida, no meu círculo eleitoral, por homens armados [das tribos] Haguai, Liwi e Okiru”.

“Como é que uma província com 400 mil habitantes pode funcionar com apenas 60 agentes da polícia nas autoridades, com operacionais militares ocasionais e uma polícia que não faz mais do que manutenção de pensos rápidos?”, questionou o primeiro-ministro na mesma publicação, em que garantiu que não tem “medo de usar as medidas mais fortes” para punir “os criminosos que mataram pessoas inocentes”.

“Aos Haguai, Okiru e Liwi, bem como a outros em Tari que têm vivido à custa de matar outros, eu vou atrás de vocês”, ameaçou James Marape no Facebook.

Em declarações ao jornal britânico ‘The Guardian’, o agente da polícia Philip Pimua, responsável pelo centro de saúde da aldeia de Karida, descreveu o momento em que testemunhou o ataque dos homens armados.

“Acordei de manhã, fui acender o lume na cozinha e ao mesmo tempo ouvi o som de armas. Depois, vi que algumas casas estavam a arder, por isso soube que os inimigos já estavam dentro da aldeia. Por isso, fugi e escondi-me nos arbustos. Depois, mais tarde, por volta das 9h ou 10h, voltei e vi os corpos cortados em pedaços e as casas ardidas”, disse Philip Pimua.

A população da aldeia teve dificuldades em reconhecer muitos dos mortos, tal não era o estado dos cadáveres. “Estavam cortados aos pedaços. Não conseguimos reconhecer várias partes dos corpos, quais eram de quem. Só reconhecemos as caras”, detalhou o agente da polícia.

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