Fala em "cunho de partido único e comunista"

UNITA critica partidarização do ensino

A Unita criticou esta quarta-feira o que considera de partidarização do ensino em Angola, “com o cunho evidenciado de partido único e comunista”, referindo que as “debilidades” no sistema “colocam em risco a soberania do país”.

UNITA critica partidarização do ensino
D.R.

 

Para o maior partido na oposição, a história de Angola é escrita “numa perspectiva partidária cujo conteúdo relata factos baseados em princípios não nacionais, mas estrangeiros e partidários”.

“Hoje, os nossos alunos conhecem mais Fidel de Castro de Cuba a Agostinho Neto, Holden Roberto e Jonas Savimbi. São muito poucos os alunos que conhecem as grandes figuras históricas e heróicas do nacionalismo angolano”, afirmou o ‘ministro’ da Educação do ‘Governo Sombra’ do maior partido da oposição, Manuel Correia.

As “debilidades que se verificam actualmente” no sistema de ensino primário, secundário e universitário, “colocam em risco inclusive a soberania do país”, disse.

Numa conferência de imprensa sobre o estado da educação e ensino em Angola, o responsável considerou que o sector da educação “enfrenta problemas estruturantes, desde a falta de qualidade aceitável nas classes iniciais à venda de vagas para o acesso” ao sistema de ensino.

“O problema não se esgota no ensino primário, mas se eleva até ao ensino médio, sem poupar o superior. A situação, realmente, coloca em causa o futuro do país e dos cidadãos no seu todo, porque os alunos que estão a ser mal formados hoje serão professores amanhã”, apontou.

Cursos de matemática, biologia, física e química vão ser descontinuados no ensino técnico profissional por “falta de laboratórios” nas escolas de formação de professores, lembrou Manuel Correia, citando o secretário de Estado da Educação, Gildo Matias.

O Ministério da Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação anunciou, na terça-feira, a “descontinuação” dos cursos de pedagogia, psicologia e filosofia, para a formação de professores, por “deixarem de responder às necessidades” do sistema educativo.

Segundo o secretário de Estado para o Ensino Superior, Eugénio Alves da Silva, os cursos “já não respondem do ponto de vista de perfil e do ponto de vista empregabilidade das necessidades do sistema educativo”.

O executivo, ao tomar esta decisão, observou o ‘ministro’ do ‘Governo Sombra’ da Unita, “revela desconhecimento total da importância e a finalidade da educação e ensino na vida do homem e da sociedade em geral”.

“Daí a razão de desvirtuar os currículos do ensino com o fito de manter a ignorância do povo, para melhor dominá-lo e, concomitantemente, conservar o poder”, atirou Manuel Correia.

“Politicamente falando, o MPLA não acrescentou nada à educação dos angolanos, pelo contrário, subtraiu nela todos os valores agregadores”, frisou.

O político da Unita considerou também que “nada justifica, absolutamente nada, a retirada destes cursos sob pretexto da não existência de laboratórios”, pois “os laboratórios constroem-se, os técnicos para os laboratórios formam-se”.

Manuel Correia criticou ainda os recentes decretos presidenciais que autorizavam a canalização de “milhões de kwanzas” para a construção de estradas, questionando “se é tão difícil alocar dinheiros para a aquisição de laboratórios”.

“A Unita pensa ser extremamente necessário que se criem políticas e métodos que visem melhorar a qualidade de ensino, quer no casco urbano como também no meio rural, melhorar o investimento na educação, o que passa pela valorização dos quadros, incentivos salariais”, concluiu o político da Unita.

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