Nos arredores do aeroporto do Lubango

Ruído provoca problemas auditivos

Pelo menos, cem crianças, com idades compreendidas entre os 12 e os 13 anos, residentes nos arredores do Aeroporto Internacional da Munkanka, no Lubango, têm problemas auditivos, alguns graves, como consequência do impacto da poluição sonora, revela um estudo do Instituto Superior Politécnico da Huíla, elaborado no primeiro semestre deste ano, e coordenado por um estudante finalista.

Ruído provoca problemas auditivos
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Os moradores queixam-se de falta de sono, por causa dos voos

O estudo revela ainda que, dos mais de cem inquiridos, dez estão com queda de percepção auditiva, 25 com perda de memória, 35 sofrem de irritação e 30 com problemas de ‘stress’, sendo a maior parte destes nos bairros Eiwa, Canguinda, Arimba e Poiares.

O mesmo estudo indica que 50 funcionários da Empresa Nacional de Exploração de Aeroportos e Navegação Aérea (ENANA) estão com os mesmos problemas.

Os moradores queixam-se também de falta de sono, por causa dos voos nocturnos. Embora muitos aparentem estar acostumados com o ruído, o sono é frequentemente interrompido com o som dos aviões.

O vice-decano para a área científica, pós-graduação, cooperação externa e extensão universitária, Rafael Cingatchiwa, lembra que a poluição sonora é tida como um dos maiores problemas ambientais nas comunidades, por afectar directamente o meio, causando danos às pessoas e aos animais.

O académico recorda que, nos anos 1970, não havia uma preocupação maior com a natureza, em que se idealizava que os ecossistemas seriam uma fonte abundante de recursos naturais. No entanto, com o avanço da urbanização e industrialização, que ocorreram sem muitas preocupações com as questões ambientais, começam a aparecer os efeitos e consequências.

O estudo defende a necessidade de se construirem novos aeroportos, cujos projectos devem basear-se em dados de crescimento da população.

Os bairros tornaram-se, nos últimos dez anos, o foco do governo local para a extensão da cidade, com a venda de mais de 50 mil lotes de terreno de mil metros quadrados no mínimo, ignorando os perigos da proximidade de um aeroporto internacional.

 

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