14 viagens e empréstimos de mais de 1,5 mil milhões de euros

Presidente aposta na diplomacia económica

João Lourenço tem sido incansável a ‘vender’ Angola ao estrangeiro. Em 11 meses, fez 14 viagens, percorreu mais de 127 mil quilómetros ao estrangeiro. Captou investimentos e empréstimos, especialmente em França e na Alemanha. Ainda este ano, deve ir a Portugal e já tem marcada uma viagem para a China.

Presidente aposta na diplomacia económica
Mário Mujetes

Perto de completar um ano como Chefe de Estado, João Lourenço percorreu mais de 127 mil quilómetros (ver infografia) em 14 visitas oficiais e em participações em fóruns de organizações multilaterais. 

Deste número, constam também duas deslocações de carácter privado. Uma aos Estados Unidos da América, bem como a polémica passagem pelo Norte da Espanha, à cidade de Oviedo, que fica na região de Andaluzia. A viagem foi considerada “luxuosa” pela imprensa espanhola, a julgar pelo tipo de avião usado, que custa cerca de 320 milhões de dólares, a que se junta a longa comitiva que o acompanhava.

Geralmente, o Presidente da República, nestas deslocações oficiais, dedica-se mais à diplomacia económica, usando os canais ou espaços para falar sobre novas condições para o investimento estrangeiro em Angola, o combate à corrupção, bem como outras reformas que ele prevê e terá iniciado. 

Em entrevista à DW África, em Berlim, João Lourenço garantiu que, em 11 meses de governação, fez “mais do que era esperado”, destacando um “conjunto de medidas corajosas”. Além disso, rejeitou as críticas de Isabel dos Santos de que o país é pouco atractivo para os investidores estrangeiros.

Ao mesmo tempo, João Lourenço assegurou que o Governo “vai continuar imparável no combate à corrupção”, mas alertou que os cidadãos também têm um papel a desempenhar. “Nesta luta, há acções que dependem não apenas do poder político”, justificou-se.

As 14 deslocações ao estrangeiro poderão render a Angola empréstimos de aproximadamente 1,5 mil milhões de euros. Mil milhões foram “encaixados” junto de parceiros económicos, como resultado dos acordos assinados na visita a França, em Maio. Agora em Berlim, um acordo no valor de 500 milhões de dólares foi assinado com o Commerzbank.

Agora com a deslocação à China, para a Cimeira Fórum China-África, espera-se que não volte com a “ algibeira vazia”, até porque o embaixador da China em Angola, Cui Aimin, confirmou que os dois países estão a negociar alguns acordos financeiros, mas não garante que sejam concluídos ainda durante a visita de João Lourenço a Beijing, visto que tudo depende das negociações bilaterais.  “Este assunto depende de vários factores e precisa da vontade da parte angolana e da capacidade da China em conceder créditos. Vamos levar em consideração as políticas do Governo angolano e também quais os projectos que Angola quer fazer”, acrescentou o diplomata.  

Neste ano, o Presidente da República tem previsto, em Outubro, uma nova deslocação aos EUA, mas, desta vez, para participar na Assembleia-geral das Nações Unidas. Até ao final do ano, talvez em Novembro, deve visitar Portugal, retribuindo a visita do primeiro-ministro português, António Costa, a Luanda, em Setembro.