Por entre elogios e críticas

Por entre elogios e críticas
Kundi Paihama,

Kundi Paihama,Governador do Cunene, durante uma palestra, citado pela Angop

JES é um verdadeiro homem de paz e humanista de convicções firmes, que deve ser aclamado pela sua dedicação ao país e ao povo, e pelo seu pragmatismo na tomada de difíceis decisões em momentos conturbados que Angola viveu, marcados pelo conflito armado e outros, assentes na reconstrução de infra-estruturas, reconciliação nacional e solidificação da democracia.

Por entre elogios e críticas

Pedro Neto, secretário do Bureau Político do MPLA para os antigos combatentes

 “JES merece esta homenagem na hora da sua saída da vida política activa, enquanto comandante-em-chefe das Forças Armadas Angolanas e arquitecto da paz, jogou um papel importante nos conflitos internos e externos e a estratégia para a pacificação da região.”

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Manuel Fernando, vice-presidente do CASA-CE

“JES teve o seu tempo e sua marca. mas não soube sair no momento certo. Agora que sai, deixa o país altamente endividado, com os cofres vazios, inclusive beliscou o princípio de solidariedade que caracteriza os países africanos. O ‘eduardismo’ não deixa saudades. Vai ser lembrado pela negativa, sobretudo por ter acentuado as desigualdades sociais entre os angolanos, com uma economia altamente fragilizada e dependente do petróleo e a corrupção como aliada da administração pública.”

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Encarnação Pimenta, psicóloga

“A governação passada foi muito má, deixou muitos pobres. A maioria da população é paupérrima. As pessoas morrem todos os dias. Podemos medir o país pela quantidade de cemitérios que tem comparando à de hospitais e escolas. O país está muito mal. É verdade qua acabou a guerra, mas a das armas. Há outras guerras que, se calhar, são muito mais duras. Morreram muitos por causa da febre-amarela.

É um problema de quem estava a liderar. É problema de todos os protagonistas, os movimentos políticos, os que estiveram no poder."

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Luzia Inglês, secretária-geral da OMA

 “José Eduardo dos Santos foi enganado algumas vezes sobre muitos aspectos, sobretudo na execução de muitos programas que deveriam ser feitos e que bem pensados, aprovados e orientados, nem sempre foram cumpridos.”

António Fonseca, PCA do Memorial António Agostinho Neto

 “No plano cultural, tivemos o célebre discurso do Presidente no terceiro simpósio sobre cultura nacional,  aprovação da política cultural do livro e da leitura, dos cinemas e audiovisual. Há duas afirmações lapidares que devem ficar na memória. Quem não é capaz de preservar a sua identidade transformando-a em contributo para o processo global fica sem expressão. Isso é fundamental no pensamento de JES e acaba por ser um desafio para os dias de hoje. Na juventude, enquanto integrante do Nzaji, foi um elemento cujaobra foi mobilizadora para a luta pela independência.” 

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Luther Rescova, líder da JMPLA

“JES foi um líder com sentido de Estado e, com humildade, que soube garantir a soberania de Angola, estender a mão aos seus adversários, internos e externos, além de efectuar uma transição necessária.”

Artur de Almeida e Silva, presidente da FAF

“Fez muito pelo futebol e o desporto. O grande passo do desporto angolano deve-se a ele. Durante os 38 anos, Angola organizou o primeiro Campeonato Africano das Nações (CAN), marcou presença no mundial da Alemanha, em 2006, acolheu o mundial de hóquei em patins, campeonatos africanos de basquetebol, andebol, basquetebol em cadeiras de rodas, enfim, fez muita coisa durante a sua gestão. Ele foi um político emprestado ao desporto.”

Pedro Mutindi, 1.º secretário do MPLA, no Kuando-Kubango

 “Pelo empenho, entrega, competência e serenidade, humanismo e patriotismo à causa da Nação angolana, José Eduardo dos Santos deve merecer uma justa e merecida homenagem, como herói da Pátria e símbolo de unidade e reconciliação nacional.”

Guilherme Silva, presidente do Sindicato Nacional de Professores (SINPROF)

“Enquanto Presidente da República, deve ser-lhe entregue o mérito da conquista da paz. Como professor e ex-militar, sei o custo de uma guerra e tenho de reconhecer que houve magnanimidade na forma como JES liderou o processo de paz, impedindo que houvesse ‘caça às bruxas’. Isso é um legado dele. Tirando isso, deixa uma marca de má gestão, nepotismo e amiguismo. Há um fardo pesado no tecido social angolano, tendo em conta que, durante o mandato, houve momentos em que o petróleo esteve no auge, mas, por culpa da má gestão, hoje estamos a viver de lamentações.”

Perez Alberto, secretário-geral do Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior (SINPES):

“Entre os pontos positivos da liderança de JES, o primeiro e mais importante foi o alcance da paz e a reconciliação nacional sem a mediação externa, além do processo de reconstrução do país, independentemente das obras descartáveis. Mas a JES faltou visão política. Devia ter abandonado o poder em 2008, pois estava no ponto mais alto da liderança. Tal não aconteceu e acentuou-se a má governação, corrupção e demagogia, ficando o país no estado lastimável em que se encontra actualmente.”

Suzana Melo, deputada do MPLA

“É um exemplo de vida para mim, principalmente deu toda a sua juventude e tempo para manter a soberania de Angola, apesar de todas as vicissitudes  que atravessámos, sobretudo as guerras que nos foram impostas e invasões do exército sul-africano.

Do seu longo consulado, destaco a conquista da paz, a implantação da democracia. Somos um país multipartidário e todas as forças políticas estão aqui graças à sua decisão, sobretudo de presidente de partido da dimensão do MPLA. Gostaria que fosse recordado como um grande estadista, um líder de coração aberto para todos, não separou cidadãos do norte e do sul, sejam aqueles que fizeram a guerra ou não fizeram.”

Dom Caetano, músico

“É uma personagem em termos de arte, que devemos ter alguma referência. De principio quando ele se lançou para o nacionalismo, começou a manifestar-se como um jovem que tinha alguns princípios manifestados nas diversas formas como na música e desporto. Não falo em termos políticos, mas sim culturais foi uma pessoa de referência, humanamente, penso que é sempre uma mensagem de valência como homem”.

Por entre elogios e críticas

Julião Mateus Paulo ‘Dino Matross’, secretário para o Bureau Político para Relações Internacionais do MPLA

 “JES herdou o poder após o inesperado desaparecimento físico de Agostinho Neto e assumiu-o sem experiência, numa situação de guerra generalizada. Ele foi fazendo o seu caminho sem muita experiência, dirigiu a nação e hoje deixa-a em paz, negociou com os antigos inimigos e hoje adversários políticos, dando oportunidades para estarem presentes na reconstrução da nação.

Nós conhecemos bem como estavam as infra-estruturas de Angola, como os colonos deixaram Angola. Hoje em poucos anos, apesar da guerra, fizemos mais do que na era colonial de quase 500 anos.”

Nuno Albino ‘Carnaval’, deputado

“Cumpriu uma importante etapa da nossa gloriosa história. Assumiu o país com importantes desafios e adversidades em plena guerra fria.  O país estava subvertido por grupos, alimentados a partir do exterior que colocavam em causa a integridade territorial.

Valeram as valências pessoais do Presidente, sobretudo a   visão estratégica em relação ao futuro do país, o lado humanista e a capacidade de resolver os problemas na base do diálogo e da concertação política.

JES deixa-nos um legado de serenidade, de capacidade de liderança, visão estratégica para poder alcançar o maior bem depois da independência, que é a paz.”

António Ana ‘Etona’, artista plástico

“Apesar do abandono do nível do governo e do partido, teve uma acção positiva. Nós ouvimos no 3.º simpósio ele a pedir desculpas à nação angolana, por não ter a cultura como prioridade, por causa da guerra, mas reconheceu que havia insuficiências naquilo que eram os investimentos na cultura. Teve uma acção positiva e terá feito o seu papel e, restava a todos nós termos feito alguma coisa para o apoiar.”

Manuel Viage, secretário-geral da UNTA

“Enquanto mais alto mandatário do Estado, JES sempre pautou a sua relação, com as organizações ligadas aos trabalhadores, por um diálogo social construtivo. Permitiu que todos os órgãos ligados a concertação social funcionassem. Sempre que solicitado pelas organizações sindicais, pelo menos pela UNTA, mostrou-se disponível a dialogar. Claro que muitas das preocupações que os trabalhadores tinham não puderam ser resolvidas porque os contextos em que estes se colocaram não permitiram que fizesse mais do que aquilo que foi possível.todos que foi muito importante. Parafraseando Agostinho Neto, colocou pedras no alicerce para a construção do país.”

Pedro Godinho, presidente da Federação Angolana de Andebol

 “Um país que ainda possui algumas insuficiências a nível de escolas e hospitais mas, ainda assim, conseguiu dar uma fatia ao desporto. Durante a sua gestão, o país ganhou um parque de infra-estrutura. Antigamente, só havia a Cidadela Desportiva. Apesar de chegar tarde, temos uma legislação desportiva, como as leis do Desporto e das Associações Desportivas que se compara a alguns países desenvolvidos da Europa. No país em guerra, conquistou muitas medalhas no andebol feminino e no basquetebol masculino e fomos os únicos representantes africanos em seis jogos olímpicos. É muita obra.”

Por entre elogios e críticas

Dionísio Rocha,analista cultural

“JES, por se tratar de ser humano, nem de todo é um ‘santo’, mas pela competência, humanismo, patriotismo, edificação e consolidação da paz, merece todo o reconhecimento do povo como herói nacional. Não obstante ter sacrificado a sua juventude e ter assumido as rédeas do país. Tive muitos momentos. Primeiro, antes de ele ter partido para o Congo, ele ensaiava connosco no Ginásio Futebol Club, no Sambizanga, depois, quando regressou e das primeiras eleições, estivemos juntos nas primeiras manifestações. Fez parte do primeiro grupo que criou o movimento espontâneo.”