Governante poderá ser um "militar ou civil"

Mali vai ter presidente de transição

A junta que derrubou o presidente do Mali vai colocar no seu lugar "um presidente de transição", que vai ser "um militar ou um civil", afirmou na quinta-feira o seu porta-voz em entrevista à televisão France24.

Mali vai ter presidente de transição
D.R

O porta-voz do Comité Nacional para a Salvação do Povo, que dirige agora o país, recusou a ideia de que o presidente Keita, que afirmou que não tinha outra escolha, se tenha demitido sob pressão.

"Vamos instalar um conselho de transição com um presidente de transição, que vai ser ou um militar ou um civil. Estamos em contacto com a sociedade civil, os partidos da oposição, a maioria, toda a gente, para procurar avançar com a transição", declarou o porta-voz da junta, o coronel-major Ismael Wagué.

"Esta transição vai ser o mais curta possível", disse.

O mandato do presidente derrubado, Ibrahim Boubacar Keïta, que se demitiu na noite de terça para quarta-feira, quando se encontrava detido pelos golpistas, prolongava-se até 2023.

O porta-voz do Comité Nacional para a Salvação do Povo, que dirige agora o país, recusou a ideia de que o presidente Keita, que afirmou que não tinha outra escolha, se tenha demitido sob pressão.

Ismael Wagué voltou a justificar a intervenção dos militares com a existência de "um bloqueio do país" desde há muito.

"Uma parte da população sofria. (...) O nível da corrupção era muito elevado. Digo-vos claramente prefiro evitar o termo 'golpe de Estado', porque isto não o é", acrescentou

O coronel-major disse também que o destino do ex-presidente vai ser decidido pela justiça do país, e não pelos militares, e recusou qualquer ligação entre o Comité e o M5, o movimento de contestação, que junta chefes religiosos, sociedade civil e políticos, que reclamava a saída de Keita e saudou a intervenção militar.

Ibrahim Boubacar Keita anunciou a demissão na madrugada de quarta-feira, horas depois de ter sido afastado do poder num golpe liderado por militares, após meses de protestos e agitação social no país.

A acção dos militares já foi condenada pela Organização das Nações Unidas (ONU), União Africana, CEDEAO e União Europeia (UE).

Antigo primeiro-ministro (1994-2000), Ibrahim Boubacar Keita, 75 anos, foi eleito chefe de Estado em 2013, e renovou o mandato de cinco anos em 2018.

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