Por falta de pagamento de ajudas de custos no basquetebol

Jogadores recusam-se a treinar

Continua o mau clima no basquetebol nacional. Depois do badalado caso com Manuel Silva ʿ’Gi’ʾ, agora são os jogadores da selecção principal a reclamar o pagamento dos prémios de participação em torneios internacionais. A grande maioria recusou-se a treinar. A Federação de Basquetebol lamenta não ter dinheiro e apela ao patriotismo dos atletas.

Jogadores recusam-se a treinar
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O dinheiro que, ainda num passado recente, era considerado capim, tem faltado. Até o prémio de simples diárias não chega aos atletas, o que pode prejudicar a passagem para o Mundial da China, em 2019. Yanick Moreira, que foi capitão da selecção nacional no torneio da China, decorrido de 28 de Julho a 5 deste mês, comunicou à direcção da Federação Angolana de Basquetebol (FAB) que, enquanto não forem liquidados os pendentes financeiros, os atletas não iriam treinar.

Segundo o presidente da FAB, Hélder Cruz ‘Maneda’, Angola vive momentos difíceis e os atletas “não podem seguir este caminho”, lembrando que o problema “não aflige apenas o basquetebol, mas todas as modalidades. ‘Maneda’ afirma não encontrar sensibilidade de todos, que “se esquecem que a nação está em primeiro lugar”.

O dirigente pretende encontrar com o seleccionador, o norte-americano William Voigt, uma solução. E, quando contar com a presença do técnico principal, Hélder Cruz não descarta a possibilidade de afastar, em definitivos, os atletas que “tentam minar os trabalhos de preparação da selecção” e então convocar outros. No primeiro dia de treino, depois da confusão da falta dos pagamentos das diárias, dos 26 jogadores convocados, apenas cinco marcaram presença: Elmer Félix, Leonel Paulo, Egídio Ventura, Aldamiro João e Paulo Márcio Barros. A primeira volta da segunda fase do apuramento ao Mundial da China vai ser disputada de 14 a 16 de Setembro, em Tunes, Tunísia.

FALTA DE DINHEIRO

‘Maneda’ conta que a federação não se encontra em condições para resolver os actuais problemas financeiros. O dirigente federativo assegura que a preparação de uma selecção, com 25 elementos, “não é uma tarefa fácil”, sobretudo com logística que se prende com a alimentação e a preparação administrativa e entende que não pretende encontrar culpados, muito menos apontar o dedo a quem são culpados por esta fase menos boa que a federação vive. “Lutámos para encontrar soluções”, garante.

Hélder Cruz associa a falta de dinheiro à incógnita do início difícil dos trabalhos das selecções nacionais. Diz não existirem meios financeiros e não gostaria de ser apontado na rua e ser chamado desorganizado. Com mandato de quatro anos, a expirar em 2020, o actual presidente da FAB está a ponderar seriamente em avançar para um segundo mandato. Reconhece que, quando pensou em concorrer às eleições na federação, desconhecia que, no primeiro ano de mandato, só teria à disposição mais de 200 mil dólares do Ministério da Juventude e Desportos. “E difícil trabalhar nestas condições”, admite.

Debandada de técnicos

 O treinador e campeão africano em sub-18, Manuel Silva ‘Gi’, vai abandonar a selecção tão logo termine o Campeonato Africano que decorre em Bamako, Mali. “Independentemente do resultado, não serei e nunca serei o treinador. Com estes não”, foram os desabafos do seleccionador ‘Gi’, durante a uma conferência de imprensa.

Quem também se ‘divorciou’ da selecção principal foi José Carlos Guimarães, que, até então, era um dos treinadores adjuntos. A falta de comunicação entre o angolano e o técnico norte-americano foi o motivo da ruptura que, há muito tempo, estava prevista. José Carlos Guimarães ‘refugiou-se’ em Ndalantando, no Kwanza-Norte, a coordenar um projecto de massificação e desenvolvimento da modalidade, tal como aconteceu em Cabinda, com o famoso e ‘falecido’ Promade. Na hora do adeus à selecção, José Carlos Guimarães deixou claro que essa decisão não tinha sido motivada pela falta de salários.

 

 

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