Cimeira Rússia-África

Presidente quer a Rússia na industrialização de África

O Presidente da República, João Lourenço, disse hoje que África "está cansada" da simples exploração dos seus recursos minerais e defendeu a industrialização do continente, convidando os investidores russos a olhar para as oportunidades em Angola.

Presidente quer a Rússia na industrialização de África
D.R.

Os investidores russos têm toda a liberdade para fazer as melhores opções de acordo com o interesse de cada um, num leque de inúmeras e diferentes oportunidades.

João Lourenço, que discursou hoje na Cimeira Rússia-África, que decorre em Sochi, recordou "a solidariedade do povo russo" com os africanos no período das lutas de libertação contra as potências coloniais e sublinhou que este contributo pode ajudar a definir um modelo de cooperação que seja "mutuamente vantajosa" para África e para a Rússia.

Angola tem um plano para diversificar a economia e está a criar "um vasto espaço de negócios e condições seguras para acolher investimento estrangeiro", afirmou o chefe do executivo angolano, apontando áreas como o sector energético, o sector mineral, as telecomunicações, agricultura, a agro-indústria ou a indústria de equipamentos agrícolas.

"Os investidores russos têm toda a liberdade para fazer as melhores opções de acordo com o interesse de cada um, num leque de inúmeras e diferentes oportunidades", assinalou.

João Lourenço diz que há hoje "uma nova visão" sobre África "que, cansada da simples exploração e exportação" dos recursos minerais em estado bruto, defende a industrialização do continente como condição "incontornável" para o desenvolvimento.

"Defendemos nas nossas relações uma cooperação que nos ajude a dar esse salto qualitativo de países exportadores de matérias-primas para países exportadores de produtos manufaturados e industrializados", vincou.

O Presidente falou ainda sobre a capacitação técnica dos jovens africanos, que representam o grosso da população do continente e são o "pilar estruturante" desta estratégia, destacando igualmente o papel da Rússia na formação de quadros angolanos.

Nesse sentido, apelou a que "continuem a contribuir" para esta formação nas "áreas do saber mais consentâneas com a necessidade de desenvolvimento económico e social" dos países africanos.

João Lourenço é um dos chefes de Estado da África lusófona que participam na cimeira ao mais alto nível, a par dos seus homólogos de Moçambique, Filipe Nyusi, e Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, enquanto São Tomé e Príncipe se faz representar pela ministra dos Negócios Estrangeiros, Elsa Pinto.

Na quarta-feira, dia da abertura do encontro, em que participam cerca de 30 líderes africanos, o Presidente russo, Vladimir Putin, sinalizou a ambição crescente da Rússia no continente africano.

"Estamos a preparar e em vias de implementar projetos de investimento com participações russas na ordem dos milhares de milhões de dólares", afirmou Vladimir Putin, numa entrevista divulgada pela agência de notícias estatal russa Tass.

Em 20 anos no poder, Vladimir Putin apenas fez três viagens à região da África subsariana, sempre com a África do Sul no centro de cada um dos roteiros, mas chegou a altura de demonstrar que os interesses africanos ocupam uma parte importante das preocupações do Kremlin.

João Lourenço viaja pela segunda vez este ano para a Rússia, mais uma vez com vários acordos previstos na agenda, entre os quais a formação de quadros e a implementação de uma indústria de fertilizantes em Angola.

Na quarta-feira, o Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação anunciou um acordo no domínio das telecomunicações que prevê o uso de tecnologias de automatização da gestão pública (governação eletrónica), desenvolvimento da infra-estrutura das comunicações, tecnologias de informação e sistemas de segurança nas redes, bem como a formação de quadros na área das tecnologias de informação.

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