Troca de acusações entre empresas e trabalhadores agastados

Funcionários da Escolta Segura reclamam 11 meses de salários em atraso

Com os contratos terminados, os trabalhadores da Escolta Segura estão agastados com a direcção da empresa e reclamam o pagamento de cerca de 11 meses de salários em atraso e prometem levar caso à justiça. José Raúl Francisco, director-geral da empresa reconhece o atraso e promete pagar, mas atira toda culpa à Odebrecht e à Jecimar. Estas, por sua vez, rebatem as acusações.

Funcionários da Escolta Segura reclamam 11 meses de salários em atraso
Santos Samuesseca

São mais de 15 funcionários, na sua maioria antigos veteranos de guerra, com as idades compreendidas entre os 45 e os 60 anos, que encontraram a forma de ganhar a vida, fazendo o trabalho de protecção física.

São mais de 15 funcionários, na sua maioria antigos veteranos de guerra, com as idades compreendidas entre os 45 e os 60 anos, que encontraram a forma de ganhar a vida, fazendo o trabalho de protecção física. Não possuem contrato por escrito e muitos deles já estão há mais de três anos na profissão. E não recebem salários há quase um ano.

João Manuel Simão, 62 anos, trabalha desde 2017 e não recebe salários há 11 meses. Quando ficou viúvo, lamenta, nem recebeu apoio da empresa com o funeral. Teve de recorrer a empréstimos e a ajudas de vizinhos. “Estamos a passar vergonha”, queixa-se.

Agostinho Quisapato, também com 62 anos, é um dos inconformados. Está disposto a recorrer aos tribunais e sublinha que o primeiro passo já foi dado com a contratação de um advogado para resolver este caso. Quisapato revela que muitos dos colegas foram abandonadas pelas esposas e as crianças deixaram de frequentar a escola devido às avultadas dividas com as propinas.

Por sua vez, Paulo Francisco, igualmente sem salários há 11 meses, está ainda sem o posto de trabalho. No local onde estava destacado o contrato terminou e não existe perspectiva de ser renovado. O funcionário revela que têm sido ameaçados pela direcção da empresa, alegando ter membros que pertencem à segurança de Estado.

Funcionários da Escolta Segura reclamam 11 meses de salários em atraso

(Muitos funcionários já estão há mais de três anos na empresa.)

 DESCULPAS DA EMPRESA

José Raul Francisco, director-geral do grupo LMF, detentora da empresa Escolta Segura, ao NG, reconhece a divida, mas de apenas cinco meses, negando que não paga há 11 meses. Garante nunca ter ameaçado e confia que há um respeito pelos trabalhadores. “Já reduzimos boa parte da dívida com os trabalhadores”.

José Francisco reconhece as dificuldades por que passam os funcionários, mas atira toda responsabilidade para as Odebrecht Angola e Jecimar por não pagarem alguns meses pelo trabalho prestados nos estaleiros. De acordo com o director-geral, a Odebrecht deve cinco meses, enquanto a Jecimar acumula dívidas de 11 meses. “Só há rentabilidade em função das pessoas que temos no terreno”, lembra.

Por sua vez, o chefe de segurança da Odebrecht nega que a empresa tenha qualquer dívida. João Costa rebate e garante que é a Escolta Segura que deve. Garante que os contratos celebrados com a empresa de segurança foram cumpridos “na íntegra” e que os pagamentos foram feitos na hora.

A Jecimar admite ter dívidas com a Escolta Segura, mas não nisso uma justificação para não pagar salários.

Outros artigos do autor

RECOMENDAMOS

POPULARES

ÚLTIMAS