Três mulheres já fizeram denúncia

Ex-presidente da Gâmbia acusado de violação

Fatou Jallow (conhecida como Toufah) tinha apenas 18 anos quando venceu um concurso de beleza na Gâmbia, patrocinado pelo governo. E quando terá alegadamente sido violada pelo então presidente, Yahya Jammeh, navança o DN.

Ex-presidente da Gâmbia acusado de violação
D.R.

A HRW e a TRIAL International entrevistaram três mulheres que acusam Jammeh de violação e agressão sexual, e uma quarta mulher que disse que os assessores de Jammeh a confinaram a um apartamento, numa aparente tentativa de abuso sexual.

Agora, é uma de três mulheres que acusam o antigo chefe de Estado de violação e agressão sexual quando estava no poder, segundo a denúncia das organizações não-governamentais (ONG) Human Rights Watch (HRW) e TRIAL International.

As ONG citam ex-autoridades gambianas que apontam o dedo a assessores presidenciais que "regularmente pressionavam as mulheres a visitar ou trabalhar para Jammeh, que abusava sexualmente de muitas delas".

Jammeh está actualmente exilado na Guiné Equatorial, depois de perder a eleição presidencial de 2016 para Adama Barrow.

A Comissão da Verdade, Reconciliação e Reparações da Gâmbia (TRRC) está actualmente a documentar as violações dos direitos humanos cometidas durante os 22 anos de poder de Jammeh, incluindo alegações de violência sexual, pode ler-se no comunicado.

Ambas as ONG apelam ao TRRC e ao Governo da Gâmbia que assegurem que as alegações de violação e violência sexual alegadamente cometidas por de Jammeh e outros ex-altos funcionários sejam totalmente investigadas e, caso se justifique, alvo de um processo criminal.

"Yahya Jammeh tratou as mulheres da Gâmbia como sua propriedade pessoal", acusou o advogado da HRW, Reed Brody, que liderou a investigação.

"Violação e agressão sexual são crimes e Jammeh não está acima da lei", acrescentou.

A HRW e a TRIAL International entrevistaram três mulheres que acusam Jammeh de violação e agressão sexual, e uma quarta mulher que disse que os assessores de Jammeh a confinaram a um apartamento, numa aparente tentativa de abuso sexual.

As mesmas ONG também entrevistaram oito ex-oficiais gambianos e várias outras testemunhas.

Os oficiais, que disseram ter conhecimento directo dos eventos, incluem dois homens que trabalharam para o Departamento de Protocolo na Casa do Estado (o palácio presidencial); quatro oficiais de protecção para Jammeh ou na residência oficial; uma mulher que trabalhava na residência oficial; e um ex-funcionário da Agência Nacional de Informação.

 

Toufah, que alegou que Jammeh a violou em 2015, pediu que seu nome fosse revelado porque queria fazer a denúncia publicamente. As duas outras alegadas vítimas, assim como os funcionários, pediram anonimato.

A ex-vencedora do concurso de beleza Miss 22 de Julho (data em que Jammeh chegou ao poder) resolveu dar a cara porque diz que quer "começar a discussão sobre algo que está a destruir a sociedade", isto é, que as mulheres tenham que arcar com o peso do abuso sexual. "Sinto que se posso fazer isto em relação ao presidente do país, se torna mais fácil para alguém que está a lidar com um director, um patrão, com um professor ou com um tio, porque expus alguém acima de todos", disse Toufah ao jornal ‘The Guardian’.

Toufah relatou também como Jammeh se foi encontrando com ela, dando-lhe presentes, chegando a dizer que queria casar com ela. Quando ela recusou, ele conseguiu ficar num quarto sozinho com ela, drogou-a e acabou por a violar. A ex-miss resolveu fugir, conseguindo passar a fronteira e dormindo numa estação de autocarros em Dakar, no Senegal, até ter ajuda e procurar asilo no Canadá.

Os entrevistados fizeram acusações detalhadas contra o ex-presidente, segundo a mesma nota, nas quais se alega que este forçou ou coagiu jovens mulheres jovens a práticas sexuais.

Algumas foram colocadas na folha de pagamento do Estado e trabalharam na residência oficial do presidente como "meninas do protocolo".

Ex-funcionários denunciaram ainda que Jammeh e os seus subordinados deram dinheiro e presentes às mulheres e lhes prometeram bolsas de estudo ou outros privilégios, ferramentas poderosas num dos mais pobres países do mundo.

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