Em Namacunde, no Cunene

Mais de 85 por cento dá à luz em casa

Mais de 85 por cento das mulheres de Namacunde no Cunene "dão à luz em casa" devido à"falta de serviços básicos de saúde" e às "péssimas condições" das estradas. Os dados são do Relatório de Avaliação Participativa da Pobreza no Município de Namacunde 2018, a que a Lusa teve acesso, elaborado pela Comissão de Justiça e Paz da Diocese de Ondjiva.

Mais de 85 por cento dá à luz em casa
D.R.

No que concerne às condições habitacionais, as casas são precárias (de pau a pique), não têm latrina e as famílias fazem necessidades ao ar livre.

Namacunde conta com 143.739 habitantes, dos quais 51,7 por cento são mulheres e 48,3 por cento homens. Segundo o documento, que versa os domínios da habitação, saúde, educação, registo civil, água e saneamento, as oito aldeias de Namacunde estão afectadas pela seca e os habitantes percorrem longas distâncias para encontrar cacimbas (poço) ou furos de água.

Cunene é uma das províncias afectadas pela seca desde finais de 2018, situação que levou o Presidente do país, João Lourenço, a efectuar uma deslocação em Maio.

A água consumida pelas famílias de Namacunde, diz o relatório da Igreja Católica, "é de má qualidade e não é tratada" e, para minimizar os efeitos da seca, que afecta mais de 170 mil famílias, o governo da província distribui água às populações das aldeias por intermédio de camiões-cisterna.

"Por motivo da seca as aldeias não produzem alimentos suficientes para a satisfação das necessidades e necessitam de apoio alimentar", observa o estudo, referindo também que os serviços de saúde, energia eléctrica e registo civil "não estão disponíveis".

O relatório adianta que, no domínio da educação, a percentagem de crianças e professores que estudam e trabalham debaixo de árvores, por falta de infraestruturas escolares, "ainda é muito alto".

"No que concerne às condições habitacionais, as casas são precárias (de pau a pique), não têm latrina e as famílias fazem necessidades ao ar livre", lê-se.

O documento recomenda às autoridades a invistirem na construção de unidades sanitárias nas localidades avaliadas, identificarem "estratégias urgentes" para responder às necessidades de consumo de água e aapoiarem as famílias com a introdução de culturas agrícolas resistentes à seca.

O Relatório de Avaliação Participativa da Pobreza no Município de Namacunde 2018 contou com o financiamento da Ajuda da Igreja Norueguesa e da União Europeia.

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