Diz União Africana

África deve quebrar dependência do exterior

O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, defendeu esta segunda-feira (25) a "imperiosa necessidade" de África quebrar a dependência do exterior, adiantando que a pandemia de covid-19 veio recordar de "forma ensurdecedora" essa urgência.

África deve quebrar dependência do exterior
D.R.
Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão da UA

Para o presidente da Comissão da União Africana, num mundo em que o multilateralismo está a ser “gravemente posto à prova”, África “deve deixar de esperar pela salvação vinda de outros"

 

"A grande questão que esta pandemia da covid-19 nos recorda, com uma voz ensurdecedora, é a necessidade imperiosa de quebrar esta dependência do mundo exterior através do duplo imperativo de vivermos dos nossos recursos e de nos orientarmos rumo à industrialização", disse Moussa Faki Mahamat.

Para o presidente da Comissão da União Africana, num mundo em que o multilateralismo está a ser “gravemente posto à prova”, África “deve deixar de esperar pela salvação vinda de outros".

"África não pode continuar a dar-se por satisfeita com este papel de reserva eterna para uns, de lixeira para outros", acrescentou.

Numa mensagem, a propósito do Dia de África, que hoje se assinala, Moussa Faki Mahamat elogiou a resposta africana à pandemia de covid-19, onde o número de mortos atingiu esta segunda-feira (25) os 3.348 em mais de 111 mil casos de infecção em 54 países.

"África, para grande surpresa daqueles que sempre a consideraram pouco, mobilizou-se nas primeiras horas da pandemia. Foi desenvolvida e imediatamente implementada uma estratégia de resposta continental", apontou.

Defendeu, no entanto, que esta mobilização não pode limitar-se à conjuntura actual, antes deve servir para preparar o continente para o pós-pandemia.

"África é instada a traçar o próprio rumo. A dependência e insegurança alimentar são inaceitáveis e intoleráveis, tal como o estado das suas infra-estruturas rodoviárias, portuárias, de saúde e de ensino", disse.

Para o presidente da comissão da UA, África têm "os recursos necessários para dar uma resposta suficiente às necessidades das populações".

Por isso, sublinhou, a opção tem de ser "por uma abordagem inovadora, mais introvertida do que extrovertida".

"Vivamos do que temos, pelo que temos, vivamos para as dimensões do que temos", acrescentou.

"África é instada a traçar o próprio rumo. A dependência e insegurança alimentar são inaceitáveis e intoleráveis, tal como o estado das suas infra-estruturas rodoviárias, portuárias, de saúde e de ensino."

Para Moussa Faki Mahamat, este "movimento de introversão e confiança" das forças africanas será central para o "renascimento" do continente.

"A única forma de conter a covid-19 e as suas consequências desastrosas, de garantir a nossa suficiência alimentar, de criar milhões de empregos, de salvar as centenas de milhões dos nossos cidadãos hoje gravemente expostos a pandemias e perigos de todos os tipos, é a de uma verdadeira onda de solidariedade para uma resiliência africana verdadeira, forte e duradoura", reforçou.

África assinala hoje os 57 anos da criação da Organização da Unidade Africana (OUA).

Em Maio de 1963, à medida que a luta pela independência do domínio colonial ganhava força, líderes de Estados africanos independentes e representantes de movimentos de libertação reuniram-se em Adis Abeba, na Etiópia, para formar uma frente unida na luta pela independência total do continente.

Da reunião saiu a carta que criaria a primeira instituição continental pós-independência de África, a Organização de Unidade Africana (OUA), antecessora da actual União Africana.

A OUA, que preconizava uma África unida, livre e responsável pelo seu próprio destino, foi estabelecida a 25 de Maio de 1963, que seria também declarado o Dia de África.

Em 2002, a OUA foi substituída pela União Africana, que reafirmou os objectivos de "uma África integrada, próspera e pacífica, impulsionada pelos seus cidadãos e representando uma força dinâmica na cena mundial".

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