Apesar da prevenção e combate à criminalidade

Polícia admite que sistema de segurança pública é "coxo"

A Polícia Nacional admitiu, esta sexta-feira, que o sistema de segurança pública “é defeituoso”, e que, apesar de acções de prevenção e combate à criminalidade, o mesmo deve ter como suportes a reacção e prevenção primária.

Polícia admite que sistema de segurança pública é "coxo"
D.R.

 

“O problema está exactamente por nós termos um sistema de segurança pública coxo, porque o sistema devia assentar sobre três pilares essenciais que são a reacção, a prevenção e a prevenção primária”, afirmou José Carlos da Piedade, director de Estudos, Informação e Análise do Comando Geral da Polícia.

Segundo o oficial, a temática da prevenção primária, que deve congregar factores como a integração da criança, o apoio à vítima, o fórum jovem, entre outros, “não é tido em conta no domínio da proactividade policial”.

O responsável falava em Luanda, numa palestra alusiva ao lançamento das festividades dos 44 anos da Polícia Nacional, que se assinalam em 28 de Fevereiro, sobre o estado actual da segurança pública no país.

Os índices criminais em Angola registaram um aumento de 24 por cento nos últimos cinco anos, com uma taxa média anual de 191,8 crimes por cada 100 mil habitantes, sendo que em 2018 e 2019 se registou um “aumento significativo”.

José Carlos da Piedade, que questionou as razões do aumento significativo de crimes em Angola nos últimos dois anos, período em que a corporação desenvolveu acções de prevenção e combate à criminalidade, considera que o sistema de segurança do país precisa de “maior eficiência”. “A eficiência da prevenção e combate à criminalidade não está na robustez da visibilidade policial, o aumento de polícias na rua, mas embora essas medidas devem continuar a ser tomadas”, indicou.

Para o comissário da polícia angolana, que defende a criação de um “equilíbrio” a nível do sistema de segurança pública do país, “é indispensável” que o pilar da prevenção primária seja desenvolvido nesse domínio, “o que não acontece”.

No entanto, o director de Estudos, Informação e Análise do Comando Geral da Polícia assegurou que a segurança pública no país “é estável, com resposta policial evidente”, mas que “se impõe o envolvimento de outros atores da sociedade”.

Por seu lado, o comandante-geral da polícia angolana em exercício, comissário chefe António Pedro Candela, que procedeu à abertura do encontro, também apelou à “participação activa” de outros sectores para o combate à criminalidade no país. “É necessário caminharmos para as parcerias formais entre a polícia nacional, departamentos ministeriais e os demais atores sociais, para que de forma integrada e coesa possamos todos contribuir para uma sociedade mais segura”, afirmou.

Além do estado actual da segurança pública, os participantes no encontro também debaterem o custo da segurança pública no contexto da actualidade.

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