Responsáveis de hospitais no Bié queixam-se ao Presidente da República

Sem subsídios há mais de 10 anos

Administradores, chefes de recursos humanos e directores de hospitais no Bié não recebem subsídios há mais de 10 anos. Já escreveram ao Presidente da República e ao Ministério da Saúde. A direcção provincial dá-lhes razão, mas sente-se de ‘mãos atadas’.

Sem subsídios há mais de 10 anos
Manuel Tomás
Durante as negociações, chegaram a elaborar uma tabela em qu

Os 114 especialistas queixam-se ainda de terem sido retirados dos locais de trabalho, de forma ilegal, sem que houvesse exonerações, mas com a promessa de que os subsídios seriam pagos, mas sem sucesso.

Os administradores, directores e chefes de recursos humanos dos hospitais do Bié estão há mais de 10 anos sem receber subsídios de chefia e de isolamento, destinados a quem trabalha em zonas “recônditas”. Os 144 especialistas já escreveram cartas a reclamar, dirigidas ao antigo vice-presidente da República, Manuel Vicente, ao Ministério da Saúde e ao antigo governador do Bié, Álvaro da Boavida Neto, actual secretário-geral do MPLA, e mais recentemente a João Lourenço e ao governador Pereira Alfredo

De acordo com os técnicos de saúde, as cartas obtiveram respostas “favoráveis”, para que os valores fossem pagos, mas, até agora, não receberam um kwanza e acusam a direcção provincial da saúde de não querer pagar, justificando com a falta de estatuto da carreira.

De acordo com os técnicos, o então governador Álvaro da Boavida Neto tinha ordenado ao vice-governador para a Área Social e ao director provincial da Saúde para que resolvessem a situação, “mas aqui no terreno as orientações não têm sido cumpridas”. No ano passado, voltaram a escrever a Pereira Alfredo e ao Presidente da República, mas não tiveram qualquer resposta.

Os 114 especialistas queixam-se ainda de terem sido retirados dos locais de trabalho, de forma ilegal, sem que houvesse exonerações, mas com a promessa de que os subsídios seriam pagos, mas sem sucesso.

Durante as negociações, chegaram a elaborar uma tabela em que constavam os valores que cada um devia receber. Passados alguns dias, foram convocados pela direcção provincial da saúde para fazerem um novo cálculo, porque o anterior “estava errado”.

Depois desta data, a direcção da saúde tem alegado que o pagamento está “condicionado à aprovação do estatuto da carreira”, um documento que já foi também aprovado mas, mesmo assim, os subsídios não são pagos. Denunciam ainda haver cobranças nos hospitais para a elaboração dos estatutos e que o destino desses valores até hoje é “desconhecido”.

O director provincial da Saúde, João Campos Cangulo do Nascimento, ao NG, reconheceu a situação, salientando que os responsáveis em causa “não foram nomeados por ele”, garantindo estar a “cumprir a lei” e aconselha a esperarem pela actualização de categorias. “Não depende de mim, depende dos ministérios da Saúde e das Finanças, eles, no papel, estão nomeados, mas não existe despacho. Eles têm razão em reclamar”, reconheceu.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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