Caso ‘Burla à Tailandesa’

Advogados 
em desacordo

Sérgio Raimundo, advogado de Arsénio Manuel e André Roy, réus no caso ‘Burla à Tailandesa’, acusou o colega de profissão Carlos Salumbongo de estar “em conflito de interesses”, por defender simultaneamente tailandeses e uma angolana, convidando-o a abandonar o caso.

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Sérgio Raimundo,

Sérgio Raimundo, advogado

Sérgio Raimundo e José Carlos aconselharam Carlos Salumbongo a renunciar. Na resposta, Salumbongo qualificou o requerimento de “manobra dilatória e sem fundamento”.

Carlos Salumbongo defende Raveeroj Ritchoteanan, dono da empresa tailandesa Centennial Energy Comany, que anunciou a intenção de investir 50 mil milhões de dólares em Angola, Manin Wanitchanon, e a angolana Celeste de Brito, a ligação desses estrangeiros a Angola.

No primeiro dos quatro requerimentos que solicitou ao tribunal, os advogados Sérgio Raimundo e José Carlos entendem que, ao longo dos depoimentos de Celeste de Brito, se notaram divergências entre a ré e o co-réu Raveeroj Ritchoteana,  pelo facto de Celeste de Brito ter enviado uma denúncia à extinta Unidade Técnica de Investimento Privado (UTIP).

Sérgio Raimundo e José Carlos aconselharam Carlos Salumbongo a renunciar. Na resposta, Carlos Salumbongo qualificou o requerimento de “manobra dilatória e sem fundamento legal”.

O Ministério Público (MP) concorda que há mesmo conflito de interesses, o que pode comprometer o exercício pleno dos direitos de defesa do réu, remetendo a questão para a decisão dos juízes.

Num segundo requerimento, Sérgio Raimundo solicitou aos juízes para que se possa interrogar o Pierre Rene, um dos alegados envolvidos no caso, mas que se encontra na Tailândia, por via de vídeo-conferência depois de este camaronês, responsável de trazer a Angola os tailandeses, constituir advogados.

Tanto o Ministério Público, quanto os advogados Evaristo Maneco (de Norberto Garcia) e Carlos Salumbongo contestam, alegando não haver respaldo legal para interrogar Pierre Rene, uma vez que não é réu nem declarante no processo, além de ser um exercício que acarreta elevado material técnico e administrativo.

Sérgio Raimundo pediu ainda aos juízes para que o Tribunal Supremo coloque ao dispor dos estrangeiros tradutores em tempo integral, por ser um direito e para não comprometer na fase da acareação.

Apesar de o Ministério Público estar favorável à pretensão de Sérgio Raimundo, Carlos Salumbongo, defensor dos quatro tailandeses, assegurou que, no final de cada sessão, tem feito o resumo dos depoimentos para os clientes, defendendo que os tradutores podem voltar apenas nos dias das acareações.

A empresária Celeste de Brito, o ex-presidente da UTIP, Norberto Garcia, e quatro tailandeses são acusados de terem tentado burlar o Estado com um cheque de 50 mil milhões de dólares. Foram detidos em Luanda. Com a excepção de Norberto Garcia, em prisão domiciliária, os restantes réus estão presos desde Novembro.