Vampiro

O Brasil está muito próximo de nós. Por muitas e variadas razões, a começar pela nossa ligação histórica, pelas raízes familiares que muita gente, deste e do outro lado do Atlântico, foi criando, pela ‘ditatura’ das novelas que influenciam hoje até a nossa maneira de falar e até por razões económicas, com as ligações que se sabe de empresas brasileiras a laborar por cá. Devemos ainda ao Brasil ter sido a primeira nação a reconhecer a independência de Angola.

São mil razões para que as eleições, neste fim-de-semana, não nos passem ao lado. É certo que não votamos, mas cada um de nós, pelos meios que entender, pode influenciar. O Brasil corre hoje um sério perigo. Tem a democracia no fio da navalha, tal como já viveu uma tenebrosa ditadura há pouco mais de 40 anos.

O que está em questão é muito simples: entre a escolha de ter um país gerido por um racista, xenófobo, machista, com ideias ditatoriais, militarista, ultra-religioso na teoria e hipócrita nos costumes ou ter qualquer um dos outros. Jair Bolsonaro é tudo o que de mais tenebroso se pode esperar de um político. É um vampiro em forma de gente.

Ter um candidato como Bolsonaro parece quase ficção num país que é ‘apenas’ o segundo no mundo com maior número de negros e que tem mais de 100 milhões de mulheres. Já prometeu castrar os pobres, matar pretos, mandar as mulheres para casa para não trabalharem, regressar à utilização da tortura, condenar sem julgamento…Enfim, um rol de disparates dignos de um mundo medieval e obscuro.

Nós, por lá, temos muitos descendentes, filhos de escravos que partiram de Angola. São a estes, hoje muitos deles com capacidade de voto, a quem nos devemos dirigir.

Além da solidariedade de que devemos ao ‘povo irmão’ – e grande parte dele é nosso ‘povo filho’ –, temos uma obrigação moral de lutar contra este tipo de gente. Usando, cada um de nós, a arma possível, por mais insignificante que nos possa parecer. Mais do que o país, é a ideia de um Brasil democrático e multi-colorido que está em perigo.

 

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