Os ningoçus à volta de um negócio

Os ningoçus à volta de um negócio

Considero negócio a actividade formal cuja prática, em local apropriado, é reconhecida, gerador de emprego, sustento e imposto para o Estado. Ningoçu é toda a cadeia informal de negociatas e biscates que possam surgir à volta de uma actividade formal. 

Assim, tendo decidido ir desmaiar a fome no ‘restaurante aberto’ da Chicala, ao istmo de Luanda, onde se vende peixe fresco e grelhado, notei com atenção a quantidade de pessoas que se movimentam naquele espaço, procurando levar ‘pão para casa’ ou, no mínimo, saciar vícios resistentes, mesmo em tempo de crise financeira.

Dentre as ‘ningocistas’, pude anotar: a senhora da jinguba e a do jolamyongo; o moço dos discos de música, ‘pen drive’, acessórios eléctricos, etc.; o rapaz que lava o carro; a interceptadora de possíveis clientes dos ‘restaurantes’; a mamã do Tpa (sobre ela já dediquei uma crónica); o tio do mictório; o vendedor de Kangonya aos pescadores, lavadores de carros e estivadores; a mana que vende bebidas que nada têm que ver com a vendedora do almoço; o rapaz das recargas telefónicas e da graxa para que o funcionário público (normalmente bangão e com ares de bem remunerado) chegue ao local de trabalho com sapatos feitos espelho, dando a entender que sai de um dos restaurantes mais chiques da cidade... São ‘n’ ningoçus. Feita a observação, algumas perguntas não se fazem calar.

- Porque também não se transformam esses ningoçus em negócios, abrindo esses pequenos serviços periféricos onde se fundem os negócios típicos da cidade?

- Porque não ter uma parque para estacionamento e lavagem automóvel em que se pague pela limpeza e segurança?

- Por que não se colocam espaços para venda estacionária e não ambulante de souvenirs e acessórios diversos?

- Por que não se instalam, mesmo que em regime de franchising, quiosques representando as empresas de telecomunicações ou no mínimo seus produtos?

- Por que não se aglutinar aos “restaurantes de peixe” tabacarias, cafetarias e demais serviços úteis?

Teríamos pessoas a se orgulharem de ter um emprego ou de ser empresário, estadas mais cómodas para os frequentadores, mais impostos para o Estado e garantia de um futuro melhor para todos. São apenas ideias de leigo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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