Faculdade de Ciências continua inquérito

UAN garante que suspensão de Maria da Natividade "não foi por rigor, mas por incumprimento”

UAN garante que suspensão de Maria da Natividade "não foi por rigor, mas por incumprimento”
Santos Samuesseca
Suzanete Costa, decana da Faculdade de Ciências

Suzanete Costa assegurou terem sido “comprovadas” as queixas e reclamações dos estudantes, mas recusou-se a explicar que razões realmente foram invocadas pelos discentes e que alegadamente foram confirmadas pela comissão de inquérito.

A direcção da Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto (FC/UAN) garante que a exoneração de Maria da Natividade do cargo de chefe do departamento de Matemática e a respectiva suspensão de dar aulas “não se deveu ao rigor” com que a professora conduz os trabalhos, mas sim a “incumprimentos do regime académico”.

Numa entrevista colectiva realizada hoje, em Luanda, a decana da FC/UAN, Suzanete Costa, assegurou terem sido “comprovadas” as queixas e reclamações dos estudantes, mas recusou-se a explicar que razões realmente foram invocadas pelos discentes e que alegadamente foram confirmadas pela comissão de inquérito.

Sublinhando que o inquérito ainda decorre, pois surgiu a necessidade de serem ouvidos outros docentes, Suzanete Costa recusou-se igualmente a confirmar se, no final do processo, Maria de Natividade poderá ou não voltar a dar aulas, estando já confirmada a exoneração do cargo de chefia. “Estamos a falar do futuro, e as pessoas [que estão a trabalhar no inquérito] ainda não concluíram o seu trabalho”, comentou Suzanete Costa, alegando que se trata de “um assunto interno” e que os jornalistas foram chamados ao ‘campus’ da UAN apenas para receberem a garantia de que a instituição “não está contra” a professora doutorada em Matemática.

A decana acrescentou que, dos oitos departamentos que compõem a faculdade, apenas o de Matemática, que era dirigido por Maria de Natividade, apresenta conflitos que obrigam a que a decania ou a reitoria tenham de intervir.

Maria da Natividade é contestada pelos estudantes de Matemática da UAN, mas a professora, numa entrevista exclusiva ao NG, alegou ser vítima do “rigor” que impõe, como a preferência por docentes especialistas em detrimento de quem estudou engenharia. No início do mês, foi suspensa de dar aulas e exonerada do cargo de chefe de departamento. Sem avançar datas, a direcção da FC/UAN promete, no final do inquérito, emitir um comunicado a explicar os pormenores da investigação.

Em recentes declarações ao NG, a professora de Matemática disse sentir-se "vítima de um boicote” por parte dos estudantes e da direcção da FC/UAN, que a acusam de criar dificuldades aos estudantes.

A docente, na entrevista, desvalorizou as queixas e acusações e garantiu que tudo acontece por querer implementar reformas e aplicar o regulamento. Revelou ainda que já foi convidada a demitir-se e, por se ter recusado, tem sido vítima de ameaças.

Única professora doutorada em ciências matemáticas em Angola, jura querer apenas “rigor e melhorar o ensino”, uma situação que tem sido encarada como “má-fé e arrogância” e que já lhe custou o cargo de chefia no departamento na FC/UAN e a suspensão de todas as actividades académicas.

Secretária de matemática na União Africana e docente de mestrado na Universidade Autónoma de Madrid, lamenta que o próprio país a classifique “incompetente”.

 

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