Namoros com riscos

João Lourenço fez uma opção muito clara: a captação de investimentos estrangeiros. Por isso, farta-se de dar várias voltas pelo mundo. O Presidente da República definiu ‘alvos’ preferenciais e todos da ‘primeira liga’: Estados Unidos, Rússia e China, aos quais se junta ainda, naturalmente, Portugal e, de seguida, resto da Europa. São parceiros desejáveis, mas que implicam alguns riscos, sobretudo os das grandes potências.

As empresas chinesas são, por norma, meros ‘braços’ das políticas e estratégias de Beijing. Muitas delas são geridas por dirigentes do topo do Partido Comunista, que se mantêm no poder. Os riscos estão associados ao que elas oferecem. Se, por um lado, se mostram disponíveis para entrar nos países com a força que o dinheiro permite, por outro, assumem contratos ‘leoninos’ que podem levar a perdas de soberanias em várias áreas nos países onde se instalam. São parceiras, com abraços de urso.

As norte-americanas, mesmo que finjam não o querer, são sempre condicionadas pelas políticas externas da Casa Branca. Beneficiam com isso, quando o regime norte-americano se sente feliz com os países onde essas empresas estão instaladas. E voltam a beneficiar caso um governo caia em desgraça aos olhos do poder norte-americano. Em ambos os casos, são sempre os interesses dessas empresas que ficam salvaguardados.

O maior perigo reside precisamente no último ‘namoro’. As empresas russas arrastam negócios obscuros e, em grande parte, envolvendo diversas máfias que até comandam os destinos em Moscovo. Diz-nos a história – a que o Presidente da República, muitas vezes, recorre – que as ligações com os russos são pouco fiáveis.

No último ano, foram constituídas cerca de 400 mil empresas russas apenas com o objectivo de investir no exterior. Mas, para elas, esse investimento, revelam estudos económicos, significa aproveitar mão-de-obra barata de África, da Índia e da Ásia. A ideia é produzir ‘coisas russas’, mas fora da Rússia.

A velocidade com que as empresas são criadas, algumas delas numa noite, não oferece segurança. Aliás, esse é um dos principais ‘handicaps’ sugeridos pelos analistas económicos: não há fiscalização apertada e, da mesma forma que abrem, também fecham.

São estes sinais a que Angola deve estar atenta, nesta altura, em que nos voltamos a virar para a Rússia. E todo o cuidado é pouco.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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