À SADC

Moçambicano e Botsuana pedem respeito pelos direitos humanos

Os presidentes de Moçambique, Filipe Nyusi, e do Botsuana, Mokgoetsi Masisi, apelaram hoje ao contingente militar da SADC para assegurar a protecção dos direitos humanos e assistência humanitária na luta contra o terrorismo em Cabo Delgado.

Moçambicano e Botsuana pedem respeito pelos direitos humanos
D.R.

 

"Exigimos mais comunicação e troca de informações operativas no terreno, maior disciplina e respeito pelas vidas humanas, como é característica e tradição secular de combatentes da nossa região", declarou Nyusi.

Os chefes de Estado de Moçambique e do Botsuana falavam na cidade de Pemba, durante o lançamento da missão da Força em Estado de Alerta da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) que está no país para o combate aos grupos armados na província de Cabo Delgado, região norte.

Filipe Nyusi exortou o contingente militar da África Austral a criar condições para a assistência humanitária às vítimas da violência armada em Cabo Delgado.

"Reforcem as vossas relações com as comunidades, através do apoio humanitário directo aos necessitados, sempre que poderem dar", enfatizou.

A Força em Estado de Alerta da SADC, prosseguiu, deve actuar em coordenação com as Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas e o contingente de mil militares e polícias do Ruanda, que já se encontra no teatro de operações em Cabo Delgado.

"Temos a confiança de que não há lugar à descoordenação, os comandantes no terreno já confirmaram que tudo está assente para o melhor entrosamento e articulação entre os contingentes empenhados" na luta contra os grupos armados em Cabo Delgado, sublinhou o chefe de Estado moçambicano.

Filipe Nyusi avançou que as áreas geográficas de actuação de cada uma das forças armadas foram previamente definidas para permitir uma melhor prestação contra os grupos armados que protagonizam ataques na região.

"Moçambique e toda a região da África Austral nutrem enormes expectativas no inestimável papel de protecção de pessoas, bens e infra-estruturas da saga assassina e destruidora dos inimigos da paz e do progresso", salientou o chefe de Estado moçambicano.

Por seu turno, o Presidente do Botsuana e do Órgão para a Cooperação na Área da Defesa e Segurança da SADC também enfatizou o imperativo da protecção dos direitos humanos e da assistência humanitária, como vetores-chave para o sucesso da missão militar da África Austral em Moçambique.

"A restauração e manutenção da paz é mais do que isso, envolve igualmente o respeito pelos direitos humanos e a criação de condições para a prestação do auxílio humanitário", afirmou Mokgoetsi Masisi.

Masisi assinalou que "o mandato primário da força da SADC é apoiar os esforços de Moçambique na luta contra o terrorismo e extremismo violento".

O gabinete da Presidência de Moçambique avançou no domingo, em comunicado, que o contingente da militar da SADC integra as forças de defesa e segurança da África do Sul, Botsuana, Angola, Lesoto e Tanzânia, nas especialidades de forças terrestres, navais, aéreas, informações, logística, entre outras.

Não é publicamente conhecido o número de militares que a organização enviou a Moçambique, mas peritos da SADC, que estiveram em Cabo Delgado, já tinham avançado em Abril que a missão deve ser composta por cerca de três mil soldados. 

As Forças de Defesa e Segurança de Moçambique contam, desde o início de Julho, com o apoio de mil militares e polícias do Ruanda para a luta contra os grupos armados, no quadro de um acordo bilateral entre o Governo moçambicano e as autoridades de Kigali. 

O Ministério da Defesa de Moçambique confirmou no domingo a reconquista da vila de Mocímboa da Praia pelas forças conjuntas moçambicanas e ruandesas, avançando que os combates continuam para a "consolidação das zonas que prevalecem críticas".

"As forças conjuntas de Moçambique e Ruanda controlam a vila de Mocímboa da Praia, desde as 11:00 [10:00 de Lisboa] de 08 de Agosto de 2021", declarou o porta-voz do Ministério da Defesa de Moçambique, Omar Saranga, em conferência de imprensa.

Antes, o Ministério da Defesa do Ruanda já tinha anunciado num tweet a recuperação da vila portuária de Mocímboa da Praia numa operação conjunta com as FDS moçambicanas.

Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Na sequência dos ataques, há mais de 3.100 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.

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