(re)flexões leigas

Escolas, protótipos e inovações

A presente (re)flexão (leiga) surge a propósito do que se vem registando quanto ao surgimento e lançamento no mercado de novas instituições de ensino, sejam elas universitárias, sejam de níveis inferiores.

Entrado na Kabunga, em 1981, frequentei uma turma que terá sido a terceira, na aldeia de Kalombo. Até aqui, nada de especial, senão o facto de ter sido no ano em que os pais decidiram colocar ‘carteiras fixas’ plantadas no chão cru da sala única da ‘escola’ que se achava bem próximo do chafariz comunitário.

Os anos lectivos subsequentes foram todos vividos em turmas de ‘reajustes e inovações’ nas escolas que frequentei até ao ISCED de Luanda, onde fui cursar Didáctica de História, em 2000. Não sendo turma primeira, pouco terão os professores de lembrança, embora alguns se tenham despontado, mesmo sem terminar o curso, como o amigo Bayo Vunge, que fui reencontrar e ‘inaugurador do Curso de Comunicação Social’, no ISPRA, em 2003.

Ali, sim. Bayo e seus colegas eram ‘estudantes-laboratório’, fundadores de um novo e primeiro curso no país. Enfrentaram as maiores dificuldades materiais e pedagógicas para que o curso vincasse. Eu não. Cheguei um ano mais tarde. Já não era da implantação, mas o dos ajustes e ou inovações ao protótipo. Alguns professores haviam sido substituídos e alguns métodos melhorados. Até o apuramento de novos estudantes e a relação desses com a instituição estavam em mutação. O protótipo tem o seu valor e a sua história, assim como os ajustes e inovações ou réplicas.

Olhe agora para as demais organizações pioneiras e atribua-lhes os quesitos.

Quantas vezes, no caso das académicas, se tornaram mais conhecidas pela força inventiva e destemida de seus estudantes associados do que pelo próprio marketing comercial?

Voltemos ao ISPRA. Ao tempo, tinha uma forte equipa de basquetebol, liderada por um intrépido estudante de metro e meio, Yuri Simão, o meu ‘amigo kambuta’. Foram tantas glórias que alguns jovens e adolescentes, em fim de ensino médio, escolheram a instituição como destino para o desejado curso superior. O marketing desportivo foi grande e catapultou a instituição, apesar de essa ter apostado e espalhado diversas bolsas entre jornalistas de então.

Tal caminho parece-me estar a ser seguido pelo instituto superior do ‘Bairro Militar’, que tem apostado no trabalho com a associação de estudantes. Essa, ao que contam, é forte no desporto universitário (organizado pela FANDU) e em actividades de beneficência, competentemente apadrinhada pela instituição. E o nome vai voando, espalhando-se.

A última organização, da associação estudantil, foi um curso sobre Documentos Administrativos do interesse do jovem estudante. Sem a mediatização que se esperava, sabe-se que a mensagem contada de boca em boca e replicada de face em facebook ou reencaminhada de what em whatsapp atinge um universo inimaginável. Afinal de contas, os jovens em idade plena são dos que mais usam, hoje, as redes sociais, sendo concomitantemente grandes consumidores dos produtos universitários.

A todos os ‘estudantes laboratórios’ e aos que se lhes seguem, nos tempos dos ajustes, o meu bem-haja inovação!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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