Fazendeiros exigem controlo na importação

Carne barata assusta pecuaristas

Criadores de gado preferem manter os animais na fazenda a vendê-los. O preço da carne está muito baixo. A culpa, dizem, é da importação desregulada

Carne barata assusta pecuaristas

O quilo de carne de um boi vivo está a ser vendido entre os 350 e 400 kwanzas, “muito” abaixo dos custos de produção e da qualidade de animais, sobretudo dos fazendeiros” da Tunda dos Gambos, que se queixam de ter os retornos ameaçados.

Durante a Feira Agro-pecuária da Huíla, foi bem visível esse descontentamento. Alguns dos fazendeiros preferem acumular o gado de corte nas fazendas, dobrando os custos de manutenção a abatê-los.

Os preços mantêm-se há quase dois anos. Ao NG, o director-geral da Cooperativa de Criadores de Gado do Sul de Angola (CCGSA) lamenta a falta de controlo na importação da carne e de haver uma “importação descontrolada que continua a prejudicar a produção interna”. A importação anual é de 450 mil toneladas por ano, de acordo com estimativas do Ministério da Agricultura.

Luís Gata garante que os criadores vendem os animais a preços baixos e que os associados da cooperativa são forçados, nalguns casos, a praticar preços que os prejudicam. Para a CCGSA, o preço mínimo do quilo de carne deveria fixar-se entre os 600 e 700 kwanzas.

Hoje, há quem opte por manter na fazenda 400 cabeças destinadas ao abate, mas prefere manter os animais vivos, uma vez que o prejuízo, caso sejam comercializados, é grande. Manter o animal confinado é outro problema que tem causado dificuldades. Os pecuaristas têm de os alimentar e cuidar da saúde deles, além terem de suportar os salários de trabalhadores.

Luís Gata alerta o Governo a olhar para o assunto de “forma responsável”, já que “qualquer” importador compra carne no estrangeiro. Sugere que as actuais quotas sejam reduzidas para a metade, para incentivar o mercado nacional. Essa preocupação já foi transmitida às entidades governamentais, que “não têm tido um trabalho fácil, dado ao descontrolo vigente”.

Luís Gata garante ainda que a carne angolana tem “mais qualidade por ser biológica” e alerta que o censo pecuário, que deve começar ainda este ano, não se pode basear só em apontamentos, mas na prioridade de cada animal ter um brinco do Governo para ter a informação exacta de quantos são, como estão e qual a capacidade de produção.

A CCGSA foi criada em 2014. Actualmente, possui 73 associados, 95 por cento dos quais se encontram na região sul (Huíla, Namibe, Cunene e Kuando-Kubango) e os restantes nos Kwanzas Sul e Norte, Malanje e Benguela, que beneficiam de protocolos sanitários, escolha de reprodutores, aconselhamento técnico e comércio de animais. Os associados têm cerca de cem mil efectivos de gado melhorados (bovino e caprino).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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