Ensino geral de ‘férias’ a partir de 3 de Dezembro

Alternativas para os ‘dois meses de ócio’

Os exames no ensino geral terminam esta semana. Para ocupar os alunos da capital, a Associação Provincial dos Estudantes de Luanda organiza mais uma edição do ‘Plano de Férias’, disponibilizando cursos profissionais e visitas a museus. Um psicopedagogo elogia a ideia, enquanto a associação dos pais e encarregados alerta sobre o perigo das “actividades desviantes”.

Alternativas para os ‘dois meses de ócio’
Mário Mujetes
Alunos para fazer Exames
Manuel Diogo

Manuel DiogoAssociação dos pais e Encarregados de Educação

Alerta para que se tenha "cuidado" na escolha da instituição em que os alunos deverão frequentar o curso.

A partir da próxima segunda-feira, 3 de Dezembro, os alunos das classes de exame (6.ª, 9.ª e 12.ª) começam a gozar as ‘férias’ de fim de ano, juntando-se assim ao grupo das classes de transição, cuja pausa teve início a 19 deste mês. A frequência à escola estará reservada aos alunos que tiverem de fazer exames especiais e/ou de recurso, agendados para entre 10 e 14 de Dezembro. Até ao início do próximo ano lectivo, os alunos terão praticamente “dois meses de ócio”, segundo os cálculos do presidente da Associação Provincial dos Estudantes de Luanda (APEL).

Alternativas para os ‘dois meses de ócio’

Hélder Silva organiza, por isso, a 10.ª edição do programa ‘Plano de Férias’, uma iniciativa que oferece dezenas de cursos profissionais, além de visitas a museus e empresas públicas, bem como uma excursão ao Moxico e Kwanza-Sul.

A abertura oficial do projecto está marcada para 17 de Dezembro, na capital, numa escola a indicar, seguindo-se um seminário (durante uma semana) aos formadores que, de seguida, deverão encarregar-se de ministrar os cursos profissionais aos estudantes que se venham a inscrever no programa. Com a envolvência de 20 escolas públicas de Luanda, a APEL espera que o ‘Plano de Férias’ abranja, no mínimo, 20 mil estudantes. Para o acesso às aulas, que decorrem até 25 de Janeiro de 2019, os interessados deverão pagar três mil kwanzas, que lhes vai permitir igualmente participar em visitas e excursões.

Contra

o “descanso total”

Para o psicopedagogo Alfredo Sango, é “errada” a ideia de que as férias de fim de ano sirvam para se dar “descanso total” aos alunos, permitindo que estes fiquem sem fazer nada. Citando o exemplo de Espanha, onde concluiu o doutoramento em Psicologia Social, pela Universidade Rey Juan Carlos, Alfredo Sango sugere que os pais e encarregados de educação ocupem os filhos com cursos profissionais de curta duração.

“Uma horita de formação não tira descanso na criança”, assegura, comentando que se trata de uma ocupação intelectualmente “mais rentável” do que jogar futebol na rua. “O dia tem 24 horas. Durante as férias, tirando uma ou duas horas para a frequência de um curso que vai servir para a vida toda, é prejudicial?”, questiona Alfredo Sango, que vê o apelo reforçado pelo presidente da Associação Angolana dos Pais e Encarregados de Educação ‘Amigos da Crianças’ (AAPEEAC), Manuel Diogo, embora este alerte para que se tenha “cuidado” na escolha da instituição em que os alunos deverão frequentar o curso.

De acordo com o presidente a AAPEEAC, é “necessário” que os pais optem pelos planos de férias que estejam alinhados aos “propósitos da educação”, como a promoção de valores de cidadania, sob pena de os alunos regressarem para as aulas, no próximo ano, com “ideias negativas” por terem ocupado as férias com “actividades desviantes”.

 

Anep sem plano

Ao contrário do ano passado, em que a instituição permitiu que cerca de 200 alunos de colégios de todo o país se concentrassem, durante duas semanas, em colónias de férias no Lubango e Namibe, este ano, a Associação Nacional do Ensino Particular (Anep) não tem qualquer iniciativa, alegando “razões económicas”, motivadas sobretudo pelas “elevadas dívidas dos pais”. Apesar de considerar que seria “utopia” a organização pensar em colónias de férias quando se regista “um montão de dívidas”, o presidente da Anep revela que os colégios foram encorajados a definir com o que preferem ocupar os alunos durante a pausa que separa o presente ano lectivo do próximo. António Pacavira garante mesmo disponibilidade da Anep para prestar “orientação metodológica” a colégios com planos de férias, mas alerta para que os pais exigiam a prestação dos serviços pagos. Por exemplo, diz Pacavira, se um colégio prometer visitas a locais de interesse científico, mas na prática nada disso se verificar, estar-se-á diante de um “incumprimento”, que a Anep espera que seja denunciado pelos pais e encarregados de educação.

 

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