Estudo na Huíla com resultados "preocupantes"

Mais de 45 por cento de alunos não sabem ler

Entre mais de cinco mil alunos inquiridos, o estudo concluiu que 45 não sabe ler e apenas 11 por cento sabe escrever correctamente. Os dados servem para avaliar o "preocupante" ensino primário da Huíla.

Mais de 45 por cento  de alunos não sabem ler
D.R
Congresso Internacional da Educação Primaria

O 1º Congresso Internacional de Educação Primária, que o Lubango acolheu, apresentou diagnósticos preocupantes sobre a qualidade de ensino. Um deles revela que 45,64 por cento, de um total de 5.183 alunos inquiridos da 4ª classe, não sabe ler.

O resultado, apresentado pela coordenadora provincial de supervisão pedagógica da Educação na Huíla, Helena Cassamba, reflecte os resultados de um inquérito aplicado a algumas escolas primárias do Lubango. O objectivo do estudo foi compreender as verdadeiras causas que levam os alunos da 4ª classe a não dominarem a escrita e leitura, temas, palavras e frases do ensino primário.

 Na recolha de dados, foi seleccionado um grupo de 5.183 alunos da 4.ª classe, tomadas como amostra 22 escolas do Lubango. Os resultados revelaram uma situação preocupante, longe do perfil das competências exigidas.

O diagnóstico conclui que há uma preocupante ausência e falta de pontualidade de professores, o ambiente de aprendizagem dos alunos não é satisfatório, há turmas a trabalharem ao ar livre, em tendas ou alpendres sem protecção contra os ventos.

O estudo foi feito em dez zonas de influência pedagógica, o que corresponde a 34,48% do ano lectivo de 2017, com vista a identificar o nível de leitura e escrita e alunos que não sabem ler nem escrever, apresentar os resultados e elaborar uma proposta de intervenção.

Os professores indicaram como factores que influenciam o fraco aproveitamento dos alunos a quantidade de docentes sem agregação pedagógica, a implementação da reforma educativa sem antes terem formação, a passagem automática nas classes de transição, o número elevado de alunos em salas de aula, o fraco acompanhamento dos pais e encarregados de educação e a inexistência de material didáctico.

 Um outro estudo preliminar sobre o perfil de formadores de professores primários na Huíla, realizado por docentes do Instituto Superior Politécnico Independente (ISPI), aponta inicialmente que os professores não tiveram formação específica para o ensino primário, condicionando assim a formação dos alunos.

O trabalho foi dirigido por José Ngeleka, Solange Luís e Carla Black e apresentado durante o 1.º Congresso Internacional de Educação Primária. Incidiu numa amostra de 49 professores inquiridos do ISPI Lubango, magistérios primários do Nambambe e da Huíla e do Instituto de Ciências Religiosas de Angola (ICRA), com a temática 'Formação dos formadores dos futuros professores do ensino primário'.

 

"Há falhas"

O secretário de Estado para o Ensino Superior, Eugénio Silva, admitiu que existem políticas “boas” que elegem a educação primária como pilar fundamental do sistema educativo, mas que a sua "concretização tem deixado a desejar por diversas motivações" e enumerou as consequências: "turmas numerosas, professores desmotivados, escolas em condições precárias e implementação da reforma".

O Governo tem previsto implementa a Estratégia de Desenvolvimento 'Angola 2025”, Plano Nacional de Desenvolvimento da Educação 'Educar Angola 2030', Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022, Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda de África 2030, Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino, Programa Nacional de Formação e Gestão de Pessoal Docente.

O congresso foi uma iniciativa do Instituto Superior Politécnico Independente (ISPI).

 

 

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