Em menos de três meses, mais de 490 mil casos registados

Mortes por malária em queda

Desde Janeiro, o país já registou mais de 490 mil casos de malária e 486 mortes. Em relação aos anos anteriores, reduziu-se o número de mortes. Neste ano, o programa de combate a malária sofreu um corte de cerca de 70 por cento no Orçamento Geral do Estado.

Mortes por malária em queda
Manuel Tomás
Em 2018, foram registadas 9.599 óbitos.

Desde o início do ano, a malária matou 486 pessoas, num total de 490.354 casos notificados. Os dados constam do relatório diário da Comissão Interministerial de Combate às Endemias do Ministério da Saúde, da passada segunda-feira que a Lusa teve acesso. Uíge lidera a lista de casos com mais de 20 mil casos e 52 mortes.

Apesar de estar apenas no início do ano, houve uma redução brusca do número de mortes, comparado com os anos anteriores. Neste ano, a média diária tem sido de oito mortes devido à doença. No ano passado, o Programa Nacional de Luta contra a Malária (PNLM) registou 4,4 milhões de casos, dos quais 9.599 resultaram em óbitos. Em 2017, foram notificados mais de três milhões de casos que resultaram em mais de 11 mil óbitos.

No Orçamento Geral do Estado de 2019, o Governo cortou, em quase 70 por cento, as verbas alocadas para o combate à malária. Foram previstos apenas 2,3 mil milhões de kwanzas, números abaixo dos 7,7 mil milhões orçamentados para 2018. O Programa de Desenvolvimento Nacional (PDN 2018-2022) prevê reduzir para 10 por cento, a taxa de mortalidade por malária até 2022, contra os actuais 15 por cento.

A malária, além de constituir a principal causa de morte, é também o maior motivo de internamentos hospitalares e de abstenção escolar e laboral. Angola integra, desde o ano passado, o projecto ‘Eliminação Oito’ (E8) que prevê a eliminação da doença em oito países da SADC, Namíbia, Botswana, África do Sul, Zâmbia, Zimbábue, Suazilândia e Moçambique. O projecto tem como estratégia a melhoria no acesso aos serviços de saúde, a identificação e gestão de casos de malária nas zonas fronteiriças, a testagem e tratamento adequado da doença, através da criação de novas unidades sanitárias de referência ou específicas. Angola faz parte dos países de segunda linha, juntamente com a Zâmbia, Zimbábue e Moçambique, que têm até 2030 para proclamar a eliminação da malária.

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