Enchentes nas paragens, brigas e superlotação

Falta de táxis complica vida nas centralidades

Moradores, estudantes, funcionários e outras pessoas queixam-se da falta de táxis no 
Kilamba e no Sequele. A polícia impede a circulação de mini-autocarros, que praticam preços 
mais baixos. Os passageiros queixam-se de terem a vida atormentada.

Falta de táxis complica vida nas centralidades

 

Residentes, funcionários, estudantes e outros que frequentam diariamente as centralidades do Kilamba e do Sequele, em Luanda, enfrentam muitas dificuldades para aceder às urbanizações ou para se dirigir a outros municípios e distritos devido à falta de táxis. A situação é originada pela ‘proibição’, por parte da Polícia Nacional, de circulação, nas ruas das centralidades, de táxis com mais de 15 lugares, conhecidos por mini-autocarros, que cobram 100 kwanzas por cada viagem, do Kilamba aos bairros do Camama, Golf II, Benfica, Zango e Viana. Entre Viana, Cacuaco e Sequele, os mini-autocarros cobram 200 kwanzas, preço que tem motivado os moradores a preferirem estes em detrimento dos táxis normais que cobram valores mais altos.

Numa ronda, o NG constatou enchentes, nas paragens, lutas para se ter acesso aos poucos autocarros que se atrevem a circular. Nas brigas, muitos ficam sem pastas, documentos e outros meios que transportam, devido aos agarrões e puxões. “Não se consegue subir, mesmo com várias lutas”, confidenciou um passageiro visivelmente agastado.

Nas paragens, há quem aguarde muito tempo por um táxi, provocando desgaste físico e psicológico. Muitos optam por se sentar no chão, devido à insuficiência de cadeiras, outros até preferem estender os panos e deitarem-se. As lutas não se observam só antes de subir. Até no interior, briga-se por um lugar. Nos autocarros, são obrigadas a sentar-se cinco ou seis pessoas, nas filas reservadas para quatro. Outros viajam de pé, o que origina a superlotação. Uma viatura de 28 lugares, que circula entre o Kilamba e o Sequele, chega a transportar perto de 50 pessoas.

 

Medida antiga

Existem, só em Luanda, 38 mil táxis que transportam diariamente 170 mil passageiros. O presidente da associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (Anata), Geraldo Wanga, sugere que o transporte de táxi deva ser “analisado com responsabilidade” por parte do Governo.

Quanto aos autocarros nas centralidades, o líder associativo lembra que a medida é antiga, foi aprovada pelo Governo quando proibiu a circulação interprovincial dos táxis com menos de 15 lugares e autorizou os de mais capacidade. “Estes também foram proibidos de fazerem o mesmo serviço nos bairros, ou seja, dentro das localidades”, recorda. Geraldo Wanga vê uma concorrência “desleal” entre taxistas, provocada sobretudo pelos condutores de autocarros, já que nas centralidades circulam os ‘azuis e brancos’, que cobram preços definidos pelo Governo, de 150 a 300 kwanzas, contra os 100 ou 200 kwanzas dos autocarros. “As populações, mesmo andando apertadas, preferem que estas viaturas circulem nas centralidades por cobrar preços baixos, em relação aos praticados pelos ‘azuis e brancos’”, frisa.

Por outro lado, o comandante de Trânsito de Luanda, Catarino Roque Silva, lembra que não existe uma proibição da Polícia de Luanda como tal, mas “apenas o cumprimento da lei que regula o transporte de passageiros, que permite a viaturas, com mais de 15 lugares, fazer o serviço de táxi interprovincial e não no interior dos bairros”. O responsável admite haver uma “concorrência injusta” e promete colocar “cobro nisso”.

 

Novas cores de matrículas

O Governo Provincial de Luanda (GPL) está a estudar um novo modelo de caracterização dos táxis colectivos, por cores e municípios, com a designação das rotas e itinerários, através de selos autocolantes e matrículas. De acordo com o director provincial dos Transportes, Trânsito e Mobilidade Urbana de Luanda, Amadeu Campos, os táxis que fazem a rota vila de Cacuaco a Mutamba poderão usar a cor laranjada e selos também da mesma cor.

O projecto vai permitir uma maior fiscalização dos táxis colectivos licenciados e ajuda o passageiro a conhecer qual a rota de cada táxi. “Este modelo para sua segurança apresentará um código único, combinação das informações dos dados do proprietário do veículo e do próprio veículo, para prevenir a falsificação do selo”, explica Amadeu Campos.

A primeira fase do projecto tem 10 medidas, das quais cinco, segundo o GPL, já foram realizadas. De acordo ainda com o estudo, as motorizadas de até 50 cilindradas também poderão ter novo modelo de matrículas consoante a designação do município. As principais alterações foram feitas na mudança da cor do fundo das chapas de matrícula, em consequência da obrigatoriedade de utilização de materiais retro-reflectores, a inclusão do nome do município por cores. As chapas de matrículas só poderão ser atribuídas aos motociclos que cumpram todos os requisitos para circulação em segurança e preservação do ambiente.

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