Fundada em 1992 por deficientes de guerra

ANDA celebra aniversário com gosto amargo

A Associação Nacional dos Deficientes de Angola suspende projectos por falta de dinheiro. Nos 27 anos da organização, o presidente, Silva Lopes Etiambulo, confia que possa colocar mais pessoas com deficiência a trabalhar, mas sabe que enfrenta dificuldades.

ANDA celebra aniversário com gosto amargo
Silva Lopes Etiambulo

Silva Lopes Etiambulopresidente da Anda.

No início, o projecto recolhia, em várias ruas e avenidas das cidades, deficientes que se dedicavam a pedir esmolas para os reintegrar nas zonas de origem e em cooperativas agrícolas.

Em 27 anos, a Associação Nacional dos Deficientes de Angola (Anda) apoiou, com diversos projectos sociais, mais de 60 mil pessoas com deficiências. Na celebração do seu aniversário, o presidente da organização, Silva Lopes Etiambulo, lamenta que muitos projectos estejam paralisados por falta de financiamentos, mas, ainda assim, prevê a inserção de mais de duas mil pessoas no mercado de trabalho.

Silva Lopes Etiambulo queixa-se ainda do “não cumprimento” da lei que obriga empresas privadas e públicas a inserirem pessoas com deficiência. A lei define quotas para cada ramo, sendo quatro por cento de trabalhadores com deficiência devem ser contratados por cada empresa pública e dois por cento pelas privadas. Para este ano, a organização perspectiva aumentar o número de pessoas com deficiência no mercado do trabalho e a sensibilização da sociedade sobre a necessidade de inserir estes trabalhadores.

Durante 27 anos, de acordo com dados da própria associação, a Anda apoiou 60.990 pessoas com deficiência, em diferentes projectos sociais. Deste número, 25.500 foram beneficiários do projecto ‘Vem comigo’, iniciado em 2002, e que teve apoios do Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social e da Fundação Lwini, destinado aos antigos militares com deficiência. No início, o projecto recolhia, em várias ruas e avenidas das cidades, deficientes que se dedicavam a pedir esmolas para os reintegrar nas zonas de origem e em cooperativas agrícolas e de prestação de serviços.

Os beneficiários foram também formados, em cursos profissionais, em electricidade, recauchutagem, mecânica automóvel, alvenaria, corte e costura, informática, entre outros, que permitiram o surgimento de pequenos quiosques para o comércio precário, com apoio da empresa Coca-Cola que fornecia os refrigerantes.  A organização prevê encerrar o projecto ‘Vem Comigo’, que está na 6.ª fase de implementação, em Agosto, com a inserção de 2.750 pessoas no mercado do trabalho.

Outros 30. 490 beneficiaram com o projecto ‘Reabilitar’, destinado a pessoas com deficiência física natural, que eram enviados aos centros de reabilitação física para a aquisição de próteses, cadeiras de rodas, muletas e pares de óculos. Por falta de dinheiro, este projecto encontra-se paralisado. Uma cadeira de rodas custa actualmente 48 mil kwanzas, valores que a organização “não possui, atendendo ao elevado número de pedidos”. Angola, de acordo com dados oficiais, tem mais de 80 mil pessoas com deficiência.

Este projecto é apoiado pelo Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, por algumas organizações de Portugal, Noruega, África do Sul e Brasil. A organização foi fundada em Fevereiro de 1992, em Luanda.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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